A galáxia J2240 (no centro da imagem) chamou a atenção de astrônomo /Foto: CFHT/ESO/M. Schirmer/Divulgação
Com o auxílio de três potentes telescópios - VLT, Gemini Sul
(ambos no Chile) e o CFHT (Havaí) -, astrônomos descobriram uma nova
classe de galáxias.
Chamada de "feijão verde" ("green bean", em inglês)
devido à sua aparência incomum. Elas brilham sob intensa radiação
emitida por buracos negros centrais supermassivos e estão entre os
objetos mais raros do universo.
Segundo o Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês),
responsável pelo VLT (sigla para Telescópio Muito Grande), os buracos
negros centrais gigantes são comuns em galáxias e fazem com que o gás ao
seu redor brilhe (na verdade, o que causa a radiação é o material que
cria um disco de acreção antes de cair no buraco). No caso das feijão
verde, a radiação faz brilhar não apenas o que está próximo, mas toda a
galáxia.
Mischa Schirmer, do observatório Gemini, procurava aglomerados de
galáxias em imagens do universo distante.
Ao analisar registros do CFHT
(Telescópio Canadá-França-Hawaí), ele se espantou com um objeto
estranho, que parecia uma galáxia, mas era verde e brilhante - algo
diferente de tudo que havia visto. Para investigar mais, o astrônomo
pediu para usar o VLT.
"Dez minutos depois dos dados terem sido adquiridos no Chile, estavam já
no meu computador na Alemanha. Rapidamente defini as minhas prioridades
de trabalho de investigação, quando se tornou evidente que tinha
encontrado algo realmente novo", diz Schirmer. O objeto recebou o nome
de J224024.1-092748 (ou só J2240) e está a 3,7 bilhões de anos-luz da
Terra.
O próximo passo foi vasculhar uma lista com quase 1 bilhão de galáxias -
e eles acharam apenas 16 objetos com propriedades semelhantes e que
depois foram confirmados como "feijões verdes" pelo Gemini Sul.
Essas
galáxias são tão raras que se dividíssimos o universo em cubos de 1,3
bilhão de anos-luz, os cientistas acreditam que acharíamos apenas uma
delas em cada cubo.
O apelido tem dois motivos: o brilho verde e a semelhança com as
galáxias ervilhas - mas são maiores que estas. A cor é causada por
oxigênio que é ionizado pela radiação do buraco negro.
"Estas regiões brilhantes são fantásticas para tentar entender a física
das galáxias - é como enfiar um termômetro médico numa galáxia muito,
muito distante", diz Schirmer. "Normalmente, estas regiões não são nem
muito grandes nem muito brilhantes, e por isso só conseguem ser bem
observadas em galáxias próximas. No entanto, nestas galáxias
recentemente descobertas, as regiões são tão grandes e brilhantes que
podem ser observadas com detalhes, apesar das enormes distâncias
envolvidas". Os pesquisadores acreditam que estes objetos estão entre os
mais brilhantes conhecidos.
Outro dado interessante é que J2240 parece ter um buraco negro central
muito menos ativo que o esperado para o tamanho e brilho dela.
Os
astrônomos acreditam que as regiões brilhantes sejam um eco de quando o
buraco negro estava mais ativo e que a intensidade gradualmente
diminuirá à medida que os restos de radiação passam através delas.
Este novo grupo seria composto por galáxias em transição, de um momento
muito ativo - como era comum no universo primordial - e agora se apagam
lentamente, o que pode ajudar os astrônomos a entender esse processo.
"Descobrir algo genuinamente novo é o sonho de qualquer astrônomo
tornado realidade, um acontecimento único na vida", conclui Schirmer.
Fonte: Terra
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