Depois do meteoro que caiu na região dos Montes Urais, na Rússia, causando uma explosão que feriu mais de mil pessoas, e do asteroide 2012 DA12 passar a 28 mil quilômetros da Terra há pouco mais de uma semana, outras duas pedras, Apóphis e 2007 VK184, se aproximam do planeta.
Enquanto o primeiro passará a 22 mil quilômetros em 2036, oferecendo um
grau de perigo de colisão apenas pouco maior do que o “2012 DA12”, o
segundo é o asteroide mais perigoso já registrado pelos cientistas.
Segundo
Mario Trieloff, especialista em asteroides da Universidade de
Heidelberg, que nesta quinta realiza um simpósio sobre “asteroides e
cometas, um perigo para a Terra?”, o 2007 VK184 já começará a se
aproximar do planeta no próximo ano, sendo que o corpo celeste de 170
metros de diâmetro passará a uma distância de apenas cinco mil
quilômetros em 2048.
— O perigo de uma colisão é de um para 1.800. Ele é o asteroide mais perigoso que nós já identificamos — diz Trieloff.
Uma rocha dez vezes maior
Em
comparação com o 2007 VK184, a queda do meteorito na Rússia no último
dia 15 pode ser considerado um acidente de nível “leve”. A rocha que se
aproxima da Terra a partir é dez vezes maior e poderia destruir uma
cidade inteira caso houvesse uma colisão.
Já o Apóphis, de 325
metros de diâmetro, que foi descoberto em 2004, vai passar a 22 mil
quilômetros de distância da Terra em 2036. O perigo de colisão seria
apenas de 1 para 250 mil. Mas em 2068, quando o asteroide Apóphis
voltar, vai passar muito mais perto.
Segundo Trieloff, 50 milhões
de anos depois do seu surgimento, a Terra conseguiu sobreviver à colisão
de um asteroide do tamanho de Marte.
Houve inúmeras colisões de
objetos de mais de um quilômetro de diâmetro, que acontecem em média a
cada período de um milhão de anos, sendo que, nos próximos cem anos, não
há a ameaça de nenhum desses gigantes.
Para o astrofísico de
Heidelberg, o maior perigo vem porém de cerca de um milhão de corpos
celestes ainda desconhecidos que circulam nas proximidades da Terra.
Mas
ele calcula que, se um deles se aproximar de forma perigosa, poderia
ser identificado. Apenas objetos considerados muito pequenos, como o que
caiu na Rússia, não são passíveis de identificação prévia.
O
perigo de asteroides é encarado cada vez mais como real. Enquanto a
Agência Espacial Europeia (ESA) e a americana Nasa estudam tecnologias
para desviar a rota de pedras perigosas, também o escritório da ONU para
questões espaciais (UNOOSA, sigla do nome em inglês) formou um grupo de
especialistas que no próximo ano deve apresentar sugestões de medidas
que poderiam ser tomadas contra o risco de colisão de corpos celestes.
Mario
Trieloff acredita que em dez anos haverá uma tecnologia para desviar a
órbita os “objetos que oferecerem maior perigo à Terra”, como asteroides
com mais de 30 metros de diâmetro. A queda de um asteroide com mais de
um quilômetro de diâmetro teria um efeito dramático.
— Os efeitos
não seriam somente a área afetada — explica. — Com a poeira que a
colisão causaria, a luz do Sol seria encoberta por muito tempo,
interferindo na produção de alimentos. Seria o mesmo que chamamos de um
inverno nuclear, um golpe para a civilização — conclui Trieloff.
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