Há centenas de anos, o pombo-passageiro era uma das mais abundantes
espécies de pássaros da América do Norte.
E, em meados de 1914, devido à
caça predadória, a espécie foi extinta - sua carne era muito barata (12
pássaros eram vendidos a 0,30 centavos de dólar) e suas penas eram
usadas para encher colchões e travesseiros.
Mas, daqui a alguns anos,
talvez você possa ver um destes animais voando por aí. É que cientistas
americanos querem trazer a espécie de volta a vida.
Além
dos desafios tecnológicos há, claro, as questões éticas a serem
consideradas. Por isso, na sexta-feira, dia 15 de março, cientistas
se reuniram em Washington para discutir a questão, em um evento associado
ao TED, o TEDxDeExtinction.
Atualmente,
1500 pássaros empalhados estão expostos em museus - e acredita-se que
cada um deles tenha uma verdadeira biblioteca genética em suas patas, o
que poderia fazer com que cientistas fossem capazes de restaurar seu
DNA.
No entanto, o material genético já viu dias melhores. Ele é
facilmente contaminável por outros organismos (cada vez que alguém toca
nos pássaros, pode alterar a amostra) e foi prejudicado pela ação do
tempo.
Por isso, recuperar os 1,5 bilhão de pares de bases de DNA não
será nada simples, mesmo que, nos últimos 10 anos, as técnicas de
sequenciamento de genoma tenham ficado mais sofisticadas e 500mil vezes
mais eficientes.
Por isso, será necessário o uso de uma
técnica similar ao que você viu em 'Parque dos Dinossauros'. No filme,
DNA de rãs foi usado para completar o código genético dos dinos.
E, no
caso do pombo-passageiro, o seu parente (vivo) mais próximo, o Patagioenas fasciata poderia fornecer a base genética para a reconstrução do DNA da espécie extinta.
Com esse objetivo, Ben Novak, o cientista da organização Revive&Restore
(que visa promover a volta de espécies extintas à vida, usando técnicas
genéticas), pediu a dezenas de museus um 'dedo' de pombo passageiro,
para tentar iniciar o sequenciamento de seu DNA.
O pedido foi negado por
quase todas as instituições, com exceção do Museu Field de História
Natural, em Chicago.
Agora, munido de uma amostra, ele
deve sequenciar o genoma do pombo-passageiro e de seu primo
contemporâneo, comparar os dois, reconstruir o DNA atentando para as
diferenças entre os dos códigos genéticos.
Com o material em mãos, ele
deve implantar as informações em um ovo de pombo e aguardar o nascimento
do primeiro exemplar da espécie renovada. O prazo para terminar o
sequenciamento dos dois genomas é de um ano.
No entanto o próximo passo que iria requerer a combinação dos dois genomas não é tão simples. Existe uma tecnologia chamada de Multiplex Automated Genome Engineering que consegue fazer algo similar usando DNA de bactérias - mas o genoma de um pássaro é muito mais complexo.
E, caso o plano de Novak seja bem sucedido, o que aconteceria com os pássaros? Ele planeja abrir um santuário para a espécie, eventualmente treinando-os para voltar à natureza e à realizar a rota de migração de seus ancestrais. Ele acredita que isso traria, novamente, um equilíbrio ecológico às florestas norte-americanas.
Fonte: Galileu
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