Com a nova descoberta, no Bairro do Recife, subiu para 14 o número de sepulturas desenterradas em cemitério secular.
Mais um esqueleto humano foi encontrado na comunidade do Pilar, Bairro
do Recife, onde arqueólogos da Fundação Seridó identificaram um
cemitério possivelmente dos séculos 16 ou 17.
A quantidade de
sepulturas, com a descoberta na tarde desta quinta-feira, sobe para 14.
Igual aos demais, o esqueleto está de frente para o mar.
Tem os braços
cruzados sobre o peito, na mesma posição de outra ossada resgatada no
início das pesquisas, em janeiro.
O novo esqueleto apareceu pouco antes de
chegarem ao local das escavações a diretora do Centro Nacional de
Arqueologia do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(CNA-Iphan), Rosana Najjar, e o superintendente do Iphan em Pernambuco,
Frederico Almeida.
“Pela importância do sítio encontrado, pedimos a
orientação de Rosana, que tem grande experiência com arqueologia
urbana”, diz Frederico.
Segundo ele, o Iphan vai discutir com os
arqueólogos a melhor forma de preservar os achados. “Nem sempre deixar
as descobertas expostas ao público é a melhor solução.
Abrir o terreno,
estudar, produzir conhecimento e depois fechar a área escavada, às
vezes, é o procedimento mais indicado”, diz a arqueóloga Rosana Najjar.
Os esqueletos serão levados até a
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), para serem submetidos a
exames. Antes, terão as posições em que foram localizados registradas,
inclusive com scanner laser, informam as arqueólogas da Fundação Seridó
Ana Catarina Torres e Manuela Matos.
Antropóloga da UFPE e presidente do
Arquivo Histórico Judaico, Tânia Kaufman levanta a hipótese de serem
sepultamentos de judeus.
“A maneira de enterrar, com os braços ao
longo do corpo, sem sapatos, sem botões de roupas e os ombros
encolhidos sugerem que eles foram enrolados em mortalhas ou lençóis,
como as pessoas de origem judaica”, observa Tânia. Outro indício é o
padrão de sepultamento, com os pés voltados para o oriente, na direção
de Jerusalém.
Tânia está fazendo pesquisas para
confirmar ou não a suposição e acrescenta outras informações. “São
esqueletos de pessoas jovens, a área dos enterros fica próxima de um
local de grande concentração demográfica de judeus no século 17 e há a
proximidade com Olinda, moradia de judeus e onde existiu uma fortaleza
que abrigava soldados de origem judaica, nos Milagres.”
A Fundação Seridó é uma ONG contratada
pela Prefeitura do Recife para fazer o acompanhamento arqueológico da
área, onde está sendo construído um conjunto habitacional.
Fonte: Jornal do Comércio
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