Reconstrução artística mostra como seriam dois primatas do Oligoceno: Rukwapithecus (esq.) e Nsungwepithecus Foto: Mauricio Antón / Divulgação
Um grupo de paleontólogos descobriu o fóssil de um molar
de mais de 25 milhões de anos que guarda "informações-chave" para
compreender como foram separados geneticamente os macacos e os símios,
publica nesta quarta-feira a revista científica Nature.
A equipe de pesquisadores, formada em sua maioria por
americanos e australianos, achou em uma escavação realizada entre 2011 e
2012 na Tanzânia (África) os restos mais antigos conhecidos até hoje de
um membro dos primeiros primatas.
Macacos e símios - dos quais descendem os humanos - pertenceram em sua origem à mesma família genética, os catarrhini, primatas simiinformes que no final do Oligoceno sofreram uma evolucação genética que os separou para sempre.
Desta divisão, surgiram os "macacos do Velho Mundo"
(babuínos e macacos) e os "macacos do Novo Mundo" (símios), sem que
fossem encontrados restos que expliquem este processo ou que evidenciem
que linhagens perdidas das espécies viveram até dar lugar à nova
classificação.
A peça dental achada se aproxima pela primeira vez das
datas do mistério: 25,2 milhões de anos aproximadamente, quando os
cientistas estimam que dita evolução aconteceu entre 25 e 30 milhões de
anos.
A descoberta emocionou os paleontólogos, que destacam no
artigo o extraordinário do achado não pelo tempo transcorrido, mas
pelas características do relevo na zona, por natureza pouco propícia
para a conservação de fósseis.
Além do molar, os pesquisadores encontraram restos da
mandíbula de um símio na escavação do sudoeste da Tanzânia, o que
permitirá estudar a hipótese de que nesse entorno tenha sido produzido o
que os cientistas chamam de "um Paleoceno tardio".
Esta teoria indica que no final do Oligoceno pode
ocorrido uma mudança climática similar a do Máximo Térmico do
Paleoceno-Eoceno - ocorrido mais de 25 milhões de anos antes - que
explicaria como se formou o ecossistema terrestre na zona da África que
se situa justo abaixo do equador.
Fonte: Terra
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