quarta-feira, 12 de junho de 2013

Esqueletos mostram que crianças da família Médici foram atingidas pelo raquitismo





Estudo de nove crânios mostra que deficiência de vitamina D causou fraqueza e deformação óssea. Falta de sol pode ter sido uma das causas da doença.


Os ossos de Filippo de Médici, conhecido como Don Filippino, e outros jovens membros de sua família revelaram deficiência de vitamina D, causa de raquitismo e inchaço no crânio de Don Filippino. 
 
 
Governantes ricos da Toscana e patronos de Leonardo da Vinci e Galileu, os Médici foram a “primeira família” da Renascença italiana, mas toda a sua fortuna não foi capaz de comprar boa saúde para seus filhos.
 
 
Um estudo dos esqueletos de nove crianças da família nascidas no século XVI mostra que elas foram vítima de raquitismo, uma deficiência de vitamina D que causa fraqueza e deformação nos ossos — doença decorrente do privilégio da família, que mantinha as crianças ao abrigo do sol.


O raquitismo é frequentemente associado à pobreza e à vida em cidades com pouca exposição à luz do sol (já que a síntese de vitamina D é desencadeada pela luz natural), mas as crianças Médici, em idades de 0 a 5 anos, “pertenciam à alta classe, esperávamos que elas fossem bem nutridas”, diz a paleontóloga Valentina Giuffra da Universidade de Pisa, coautora do estudo que foi publicado na “International Journal of Osteoarcheology”.


O local onde estavam enterradas as crianças, na Basílica de São Lorenzo, em Florença, reflete seu status social.


Em 2004, os pesquisadores abriram o que pensavam ser um disco ornamental de mármore do lado de fora do chão da catedral e descobriram que era, na verdade, uma passagem secreta que levava à cripta com oito dos nove esqueletos. O nono foi encontrado em uma tumba lá perto.


Um exame dos ossos, visualmente e por raio-X, mostrou que seis das nove crianças tinham sinais convincentes de raquitismo, incluindo ossos dos braços e das pernas curvos como resultado de tentar engatinhar ou andar em ossos bastante moles.


Don Filippino (1577-1582), por exemplo, tinha um crânio ligeiramente deformado e o estudo aponta o raquitismo como causa de sua condição.


Para entender a razão de crianças de uma família tão abastada terem desenvolvido esta doença, os pesquisadores analisaram os isótopos encontrados nos ossos, que refletem a fonte principal de proteína da dieta.


Eles descobriram que a maioria das crianças não desmamava até os dois anos e textos históricos sugerem que, naquele tempo, leite materno era suplementado com papas de maçã e pão. Nem cereais nem leite materno contêm muita vitamina D e frutas não têm nada de vitamina D.




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