Quase todo mundo que já olhou para o céu à noite perguntou a si
mesmo, pelo menos de alguma forma, a mesma questão: “Será que estamos
realmente sozinhos no universo?”.
A única coisa que é certa é que nós
definitivamente não queremos estar. Talvez isso explique porque as
pessoas continuam vendo OVNIs no céu, e porque estão sempre caindo em um
de três tipos básicos de engano.
A ideia de que a humanidade é única é um pensamento muito deprimente
para a maioria das pessoas. É natural, então, que nós passemos a
interpretar praticamente qualquer coisa como um sinal de contato
alienígena.
A história está repleta de relatos de avistamentos de OVNIs, mas se
você tomar um segundo para parar e pensar, quase todos vêm com
explicações, e nenhuma delas extraterrestre.
Considere o seguinte: uma
de nossas naves espaciais levaria cerca de 60 mil anos simplesmente para
alcançar a borda de nossa galáxia, o que dificulta a viabilidade de uma
visita extraterrestre.
Isso não impediu hordas de pessoas dispostas a
jurar até o dia da morte que viram, interagiram com, foram tocados e/ou
sido sondados por criaturas de um mundo além do nosso.
Estas pequenas revindicações e suas posteriores “provas” de vida
alienígena na Terra quase sempre caem em uma das três categorias:
exercícios militares que deram errado, fenômenos da natureza, e, é
claro, fraudes.
1. Casos Militares
Já percebeu como avistamentos de OVNIs tendem a acontecer
convenientemente em torno de bases militares? Sim, e isso não é uma
coincidência.
Seja balão meteorológico, câmeras espiãs voadoras, ou
aeronaves não autorizadas, as pessoas sumariamente, e felizes com isso,
assumem que o mistério observado é alienígena – em vez de atividade
militar. Especialmente em tempos de paranoia nacional.
A Batalha de Los Angeles
Após o ataque a Pearl Harbor, a sensação de segurança nos EUA foi
destruída. Assim, três meses depois, quando um balão meteorológico
casualmente passou flutuando sobre Los Angeles em 1942, a histeria
coletiva se alastrou.
O que uma cidade aterrorizada pode pensar? Pensou
que se realizava um ataque aéreo militar maciça contra um intruso
extraterrestre, resultando nesta fotografia icônica do que mais tarde
foi apelidado de “The Battle of Los Angeles”.
Inicialmente, a sombra no céu foi pensado como sendo um ataque vindo
do Japão, mas em uma entrevista coletiva logo após o incidente, o
Secretário da Marinha Frank Knox rapidamente procurou tirar atenção do
fato, chamando-o de um “alarme falso”.
Isso, em seguida, deixou o
pessoal da mídia livre para publicar todos os tipos de “relatórios” de
encobrimento de atividades extraterrestres.
A Batalha de Los Angeles aclimatou os civis para a noção de que
avistamentos de alienígenas não eram apenas plausíveis, mas prováveis.
Permitiu uma maneira mais confortável para explicar os seus medos.
O Incidente Roswell
Um dos mais notórios alegamentos de avistamentos de OVNIs (e a
inspiração para um programa de televisão criminalmente subestimado),
começou em julho de 1947, Roswell – Novo México EUA, quando o capataz
William Brazel tropeçou em uma vala gigante com centenas de metros de
comprimento e cheia de detritos, tiras de borracha, papel alumínio,
papel, fita adesiva e madeira.
A confusão bizarra foi na propriedade onde trabalhava, e Brazel
prontamente comunicou às autoridades, até que o relato chegou à base
aérea de Roswell.
O comandante da base descreveu o evento como sendo
nada mais que um balão meteorológico com defeito, encorajando todos a
esquecer tudo e voltar às suas atividades. Então, os teóricos da
conspiração decidiram que era o momento perfeito para alavancar a
demagogia UFO.
Stanton Friedman, físico e ufólogo, foi um dos que iniciaram as
explicações envolvendo alienígenas nesse evento, porém trinta anos
depois.
Depois de entrevistar o Major Jesse Marcel, um dos inspetores do
sítio original, em 1978, Friedman conseguiu o que estava procurando.
Marcel afirmou que todo o evento foi um acobertamento militar de uma
nave alienígena.
Glenn Dennis, um agente funerário, também afirmou que corpos foram
retirados do local e levados para uma base aérea. Mas essas pessoas não
eram totalmente insanas (ou, no mínimo, totalmente erradas).
Com tanta controvérsia sobre o que realmente aconteceu, duas
investigações oficiais do governo separadas ocorreram – uma em 1994 e
outra em 1995.
A primeira confirmou que a causa tinha sido de fato sido
um balão meteorológico, em um programa confidencial que usou luzes
sensíveis para tentar detectar testes nucleares russos.
A segunda
esclareceu que os “corpos mortos” eram manequins usados durante testes
de paraquedas, manequins estes que, em seguida, tiveram que ser
removidos.
Depois de Roswell, o interesse em potenciais naves alienígenas
disparou, com cerca de 800 avistamentos ocorrendo nas semanas que se
seguiram.
Tal como acontece com a Batalha de Los Angeles, o clima
internacional provavelmente desempenhou um papel fundamental. Enquanto
as fotografias de OVNIs são agora relativamente raras e se formou um
considerável ceticismo, naquela época, as reivindicações foram aceitas
em massa.
Cada avistamento de OVNI era apenas um outro acréscimo para
cima de uma já grande pilha de eventos e indutores de ansiedade (quanto
mais relatos vinham, mais a ideia se prospectava na população, causando
ainda mais relatos).
As luzes misteriosas
Em agosto e setembro de 1951, a pequena cidade americana de Lubbock,
Texas, teve seu próprio e breve período nos holofotes ufológicos.
Avistaram um grupo de 20 a 30 luzes flutuando no céu, na noite de 25 de
agosto.
Na semana seguinte, o estudante Carl Hart notou um fenômeno
similar no céu e tirou fotos, que o jornal local, em seguida, publicou e
eventualmente enviou por todo o país.
O Tenente Edward Ruppelt, do Projeto Blue Book da Força Aérea (a
agência governamental norte-americana criada para o propósito expresso
de investigações de UFOs) analisou as imagens e, finalmente, declarou
como sendo uma brincadeira.
Para Ruppelt, a visão não tinha sido nada
mais do que postes a refletir sob as barrigas de um bando de maçaricos
(aves). Testemunhas na área apoiaram esta explicação, concordando que
eles tinham de fato visto e até ouvido grandes bandos de aves
migratórias.
Ainda assim, outros sustentaram a ideia de que o tenente estava
simplesmente tentando encobrir atividades militares com aeronaves.
Qualquer que possa ser a explicação correta, no entanto, certamente não
inclui alienígenas.
2. Fenômenos da Natureza
Nosso planeta é plenamente capaz de criar seus próprios e
absolutamente belos fenômenos impressionantes que podem muito facilmente
aterrorizar testemunhas que não entendem o que está acontecendo no céu
acima deles.
Geralmente, conforme a ciência avança, temos cada vez menos
casos de pessoas relatando atividades suspeitas, potencialmente de
outro mundo ou sobrenaturais, diante de uma ocorrência natural.
Ainda
assim, é curioso o quão rápido chegamos à conclusão de que uma visão
fenomenal veio de algum ser alienígena quando, na verdade, ele só veio a
partir de nosso próprio mundo.
Milagre do Sol em Portugal
Em 1917, trinta mil pessoas em Fátima, Portugal, supostamente
testemunharam o “Milagre do Sol”, um evento que deveria ser uma prevista
aparição da Virgem Maria. Multidões se reuniram para olhar para um céu
nublado durante horas.
Mas quando as nuvens finalmente abriram e o sol
veio, todo mundo experimentou, simultaneamente, uma visão de luzes
multicoloridas que vieram para baixo em espiral – pânico coletivo.
Para esta população claramente de devoção religiosa, as luzes
brilhantes poderiam muito bem ter parecido como um sinal do fim dos
tempos.
Quase 100 anos depois, sabemos do fato que ficar olhar para o
sol por um tão longo período de tempo tem o potencial de induzir
diretamente histeria em massa e alucinações.
Se eles estavam procurando
por um pouco de emoção, ao menos conseguiram. O dano grave na retina foi
apenas um bônus.
As luzes do País de Gales
Em janeiro de 1974, as pessoas nas montanhas do País de Gales
relataram ter visto luzes estranhas no céu, diretamente seguidas por um
abalo violento do solo sob seus pés – hoje sabemos que eram terremotos.
Os habitantes da montanha Berwyn, no entanto, definiram que havia apenas
duas possíveis explicações: explosões de enormes meteoritos ou ataques
alienígenas.
Infelizmente para os sensacionalistas galeses, a ciência diz o
contrário: quando a crosta da Terra está sob estresse antes da atividade
sísmica, (o que se presume ser) luzes eletromagnéticas, muitas vezes,
aparecem no céu.
E o British Geological Survey (BGC) determinou que um
terremoto de magnitude 3,5 havia agraciado a região com sua presença
nessa mesma noite.
3. Fraudes (mentirosos, charlatões ou brincalhões)
E há quem simplesmente age de má-fé – e quem acredita.
Roswell: a Autópsia
Em 1995, o tema de Roswell mais uma vez acendeu conversas em todos os
Estados Unidos quando o empresário Ray Santilli alegou ter em sua posse
um filme em preto e branco de 17 minutos de uma autópsia alienígena
recuperada do setor do Caso Roswell.
Então eis que surge um documentário
acompanhado do vídeo, com muitos, senão a maioria dos indivíduos
entrevistados afirmando firmemente que eles acreditavam que era falso.
As emissoras de televisão que mostraram o documentário mais tarde
admitiram censurar as partes que colocavam a validade da autópsia em
questão.
Uma vez que o filme foi exibido, o diretor do documentário
também afirmou que ele acreditava que o filme só podia ser falso.
Claro que, em breve, quase todos com algum tipo de conexão com o
evento começaram a falar que era apenas uma brincadeira. Santili, então,
admitiu que a maioria das “imagens originais” eram de péssima
qualidade, e ele teve que usar porções refilmadas e reencenar eventos
supostamente reais.
Eventualmente, o artista e escultor John Humphreys
também veio a público admitindo que ele tinha construído dois corpos
extraterrestres e enchido-os com um pouco de mistura “saborosa” de
cérebros de ovelha, geleia (sabor não especificado), vísceras de frango e
ossos de articulações. Você sabe, coisas alienígenas…
Apesar de todas estas admissões e as provas em contrário, Santilli
continua a afirmar que o filme é uma reconstrução precisa de 100% do
original.
Morristown, New Jersey
Recentemente, 2009, os moradores de Morris Conde, New Jersey, ficaram
de janeiro a fevereiro mistificados em torno de cinco luzes estranhas
que sempre apareciam no céu noturno.
Mesmo trabalhadores em torres de
controle não conseguiam descobrir de onde as luzes estavam vindo – nada
aparecia em seus radares. Portanto, é claro, a próxima conclusão lógica
foi alienígenas.
No mesmo dia da mentira, dois jovens admitiram a fraude. Colocaram
luzes simples em balões de hélio, e enviaram num caminho acima da
cidade, em um esforço para mostrar como é fácil incitar um susto UFO. E
certamente funcionou.
Desde que sabemos 100% ao certo o que realmente aconteceu nesse caso,
a extensão e a variedade de reações provaram o quão não confiáveis e
inconsistentes podem ser os relatos de avistamentos de alienígenas.
Embora não tinha sido nada mais do que algumas luzes pairando, algumas
pessoas afirmaram nunca ter visto nada tão assustador em suas vidas,
alguns se recusavam a acreditar que a causa tinha sido balões, e um
homem ainda insistiu que ele tinha visto nove luzes espalhadas que
finalmente se juntaram numa linha e começaram a se comunicar uma com a
outra.
Portanto, não importa quão sincera a história possa parecer, as
pessoas são absurdamente não confiáveis quando se trata de um encontro
alienígena – e outros também.
Ainda assim, sempre haverá pelo menos algum mistério não resolvido
que leve a promessa de contato alienígena. Mesmo que seja apenas a menor
das possibilidades, isso é tudo que algumas pessoas precisam para
desencadear um “comboio de teorias da conspiração com atividades
alienígenas”.
Um comentário:
A que velocidade levaria 60 mil anos para atingir a orla de nossa galáxia.
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