Equipe internacional de paleontólogos revelou como seria o "Megaconus",
que viveu há cerca de 165 milhões de anos. O animal, que era conhecido
apenas por seus dentes pequenos e bem afiados, bagunçou a árvore
genealógica quando o grupo liderado por Thomas Martin, da Universidade
de Bonn (Alemanha), descobriu que ele tinha pelagem curta,
característica até então dos mamíferos.
O time liderado pelo chinês Jin Meng apresentou um animal da ordem
"Haramiyida" que foi batizado de "Arboroharamiya", em função de ser
adaptado a viver nas árvores
Paleontólogos alemães, chineses e norte-americanos concluíram estudo que revela a aparência de um pequeno animal chamado Megaconus,
que viveu há cerca de 165 milhões de anos. Até então, pouco se sabia a
respeito dele, a não ser que ele possuía pequenos e bem afiados dentes.
Mas a atual descoberta vai além da descrição do animal pré-histórico,
pois indica que características como a pelagem teriam surgido entre 40 e
50 milhões de anos antes da chegada dos primeiros mamíferos na Terra.
O
estudo feito a partir de um fóssil encontrado no Noroeste da China é
destaque da prestigiada revista Nature publicada na quarta-feira (7).
Outro fóssil, também do Jurássico, reforça a tese da evolução adiantada
dos mamíferos. O time liderado pelo chinês Jin Meng apresentou um
animal da ordem Haramiyida que foi batizado de Arboroharamiya, em função de ser adaptado a viver nas árvores, ao contrário de seu "primo" Megaconus.
Após analisá-lo, os cientistas concluíram que as características do
esqueleto marcado no fóssil apoiavam a ideia de sua relação com os
multituberculados, uma ordem de roedores, situando a origem dos
mamíferos em uma época mais adiantada do que se pensava até agora. A
descrição da criatura também foi publicada hoje na revista Nature.
"Tudo isso nos ajuda a concluir que esse mamífero não era um animal tão
primitivo, e mostra que estruturas complexas podem surgir em inúmeras
ocasiões no curso da evolução e de forma independente entre as
espécies", explica o cientista Thomas Martin, da Universidade de Bonn,
na Alemanha, que coordenou o estudo com o Megaconus.
Pelagem e dentes afiados
Junto com pesquisadores da Universidade Shenyang Normal, na China, e da
Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, o alemão usou microscópios
e escâneres de última geração para chegar à aparência estimada do Megaconus.
Segundo os autores do estudo, ele tinha o tamanho aproximado de um
rato, com pelagem curta, sendo um ancestral distante do esquilo - o
nome, aliás, significa grande cúspide, em alusão à dentição afiada da
espécie.
"Há centenas de anos pairava a dúvida sobre como um animal com essa
dentição se pareceria", diz Martin. O fóssil desse pequeno animal faz
parte, hoje, do acervo do Museu de Paleontologia de Liaoning, na China.
Os dentes eram afiados para ajudá-lo na alimentação, cuja dieta
continha predileção por vegetais mais firmes e grossos.
Os molares
posteriores de sua arcada dentária era alinhados de forma longitudinal,
indicando como ele extraía as plantas do solo.
Isso, destaca o artigo
científico, demonstra um uso inovador da dentição, uma vez que os
animais contemporâneos do Megaconus se alimentavam principalmente de insetos.
O Megaconus também se locomovia basicamente no chão, sem a
habilidade que os esquilos de hoje têm de saltar entre os galhos de
árvores - suas garras não tinham curvatura suficiente para realizar os
saltos e seus ossos tibiais e fibulares eram consolidados.
Ainda assim, o
estudo aponta que o animal pre-histórico não era presa fácil para
predadores: suas patas armazenavam glândulas possivelmente venenosas que
lhe serviam como mecanismo de defesa.
Fonte: UOL
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