sábado, 10 de agosto de 2013

Arqueólogos criam método para descobrir detalhes sobre morte

Esqueleto de criança de 10 a 13 anos do cemitério de Lindegaarden em Ribe, na Dinamarca. O túmulo que data de 1200 a 1250 foi escavado pelo Museu Sydvestjyske e revelou que criança havia sido tratada com mercúrio alguns dias antes de morrer. (Foto: Sydvestjyske Museer)
 
 
Rasmussen segura amostra de mercúrio colhida em solo. (Foto: Birgitte Svennevig/SDU)
 
 
Pequenos buracos vistos nas proximidades do esqueleto são marcas de onde amostras foram retiradas pelos pesquisadores para análise. (Foto: County Museums of Odense)
  
 
Análise do solo ao redor do esqueleto pode trazer informações importantes. Substâncias como mercúrio, usado como remédio, permanecem no solo.
 
 
A análise do solo ao redor de um esqueleto pode fornecer informações que vão além daquelas que são obtidas pelo exame da ossada.


Essa foi a constatação de pesquisadores da Universidade do Sul da Dinamarca, que publicaram um artigo sobre o tema no periódico “Heritage Science”.


A equipe testou a metodologia na análise do túmulo de uma criança de 10 a 13 anos enterrada na cidade medieval de Ribe, na Dinamarca, há cerca de 800 anos.


Por meio da avaliação do solo ao redor do esqueleto, puderam constatar que a criança recebera uma grande dose de mercúrio no dia anterior à sua morte, em uma tentativa de curar alguma doença grave.


O químico Kaare Lund Rasmussen, da Universidade do Sul da Dinamarca, afirma que não se pode saber de quais doenças a criança sofria, mas é possível observar que ela foi exposta a uma grande dose de mercúrio dois meses antes de sua morte e novamente um ou dois dias antes de morrer.


“Você pode imaginar o que aconteceu: a família, por um tempo, tentou curar a criança com mercúrio acrescido de medicamentos, o que pode ou não ter funcionado. Mas a condição da criança repentinamente piorou e foi administrada uma grande dose de mercúrio, o que não foi capaz de salvar sua vida”, diz Rasmussen.


O químico explica que quando o corpo se decompõe no túmulo muitos compostos são liberados no solo, a maioria deles compostos orgânicos.


Além disso, a maioria dos elementos inorgânicos são transformados em outros compostos e posteriormente removidos pela água subterrânea.


“Se pudermos localizar um elemento no solo nas imediações do esqueleto que não seria normalmente encontrado diretamente no solo, podemos presumir que ele veio do cadáver e isso pode nos dizer algo sobre como a pessoa viveu. Não estamos interessados na morte em si, mas na vida antes da morte”, diz o químico.


Ele observa que o mercúrio é um elemento que vale a pena procurar. Apesar de ser muito raro no solo comum, foi utilizado em várias culturas ao redor do mundo como medicamento. “O mercúrio é extremamente tóxico e certamente alguns morreram por envenenamento de mercúrio e não pela doença que ele deveria curar.”


As amostras de solo, segundo o grupo de pesquisadores, devem ser retiradas precisamente no local da posição do tecido original, ou seja, dos órgãos internos ou tecidos musculares onde sobra somente terra.


“A respeito das últimas escavações arqueológicas, é aterrador pensar sobre todo o solo que os arqueólogos jogaram fora por mais de um século. Se tivéssemos amostras desse solo, poderíamos ter acesso a muitas informações importantes”, completa Rasmussen.



Fonte: G1

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