Pesquisadores da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas)
descobriram fósseis de plantas e caules em sete regiões de São Paulo com
aproximadamente 270 milhões de anos.
A descoberta é considerada inédita pelo grupo porque demonstra que a área brasileira é mais antiga do que se imaginava.
Os fósseis analisados são do período geológico permiano, quando houve a
formação do supercontinente Pangeia, período em que a Terra era formada
por um único continente e quando não era registrada a presença dos
dinossauros.
A conclusão está na tese de doutorado de Rafael Souza de Faria, que foi
feita na Unicamp sob supervisão de Fresia Ricardi Branco, professora do
Instituto de Geociências.
Ele publicou junto com sua orientadora e com
Isabel Cortez Christiano de Souza, que também faz parte do Instituto de
Geociências da Universidade, um artigo sobre a descoberta para o
periódico especializado Palaeontology no começo do ano.
Agora, um dos artigos da tese de Faria, que atualmente é professor da
Faculdade de Ciências Biológicas da PUC-Camp (Pontifícia Universidade
Católica de Campinas), foi aceito com modificações no periódico Review of Palaeobotany and Palynology - a data de publicação ainda não foi divulgada.
"Os novos espécimes identificados mostram que a diversidade dessas
plantas, das coníferas, era bastante expressiva no Brasil no período
permiano. Na tese foram descritas espécies inéditas. Sobre a
complexidade, elas eram semelhantes a araucárias e adaptadas a um clima
seco. Há evidências de características anatômicas nos tecidos vegetais
desses fósseis que indicam uma adaptação a possível estresse hídrico",
disse Faria.
Os pesquisadores analisaram a diversidade de coníferas fósseis,
similares às araucárias e aos pinheiros, identificando as árvores
presentes em sete regiões de São Paulo: Piracicaba, Saltinho, Rio Claro,
Santa Rosa de Viterbo, Angatuba, Conchas e Laras. A dupla coletou
troncos petrificados, que são chamados de "permineralizados".
Segundo Faria, é possível que existam fósseis em outras regiões do
país. "Não só é possível, como há. Há lenhos fósseis [peça de madeira
cortada da árvore] semelhantes em diversas localidades de São Paulo e de
outros Estados brasileiros que têm rochas semelhantes [estratos
permianos do pacote abrangido pela Bacia Sedimentar do Paraná]", disse.
Nas pesquisas, foi analisado o tempo de duração das folhas, denominado
fenologia foliar das árvores, para verificar como as espécies estudadas
reagem com o passar dos anos. Os pesquisadores observaram se as árvores
perdem as folhas, as chamadas espécies decíduas, ou se as conservam, as
espécies perenes.
Durante os estudos, Faria identificou ainda a proliferação de fungos
nas peças de madeira cortadas. A descoberta, para ele, é considerada
inédita no Brasil, pois retrata o que classifica como "um momento de
tempos difíceis".
"A presença de fungos em madeiras fósseis é rara. Sugere-se, portanto,
um colapso dos ecossistemas, o que indica que no período permiano as
condições para o desenvolvimento das coníferas não eram boas", disse.
"Embora não possamos descartar que as condições ambientais fossem
diferentes, é muito provável que as árvores encontradas vivessem em um
ecossistema que poderia estar entrando em colapso, daí eu chamar de
'tempos difíceis', principalmente porque, além dos fungos, estão
presentes as evidências de adaptação a estresse hídrico nos tecidos",
acrescentou. (Com informações da Agência Brasil)
Fonte: UOL
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