Ela foi parte do casal de exorcistas mais conhecido dos EUA.
Sentada em cadeira de balanço na varanda de sua casa, Lorraine Warren dá
a impressão de ser mais uma senhora solitária da cidadezinha de Monroe,
em Connecticut, nos EUA. Mas as histórias que ela conta revelam uma
trajetória incomum, pontuada por fenômenos sobrenaturais.
“Desde
criança, vejo luzes e sinto a presença de espíritos’’, diz Lorraine, de
86 anos, que inspirou o filme de terror Invocação do Mal.
A trama se passa em 1971, quando Lorraine e o marido, Ed (1926-2006), despontavam como os “caça-fantasmas’’ mais célebres dos EUA.
Juntos, conduziram cerca de 10
mil investigações envolvendo possessões demoníacas, “poltergeists’’ e
casas mal-assombradas, incluindo o famoso episódio de Amityville,
ocorrido entre 1974 e 1975.
O caso retratado no filme é verídico, segundo Lorraine. Assim que o casal Carolyn e Roger Perron e suas cinco filhas se mudaram para uma casa em ruínas em Harrisville, Rhode Island, passaram a ser aterrorizados por “espíritos malignos’’.
“Muitos podem não crer, mas a possessão demoníaca é mais
comum do que imaginamos’’, conta Lorraine, que fundou em 1952, com o
marido, a New England Society for Psychic Research (dedicada à pesquisa
de fenômenos paranormais). A seguir, os principais trechos da
entrevista.
* Quando a senhora descobriu esta sua habilidade?
* Quando a senhora descobriu esta sua habilidade?
No início foi turbulento. Estudei em uma escola particular católica para meninas, onde comecei, aos 12 anos, a ver luzes ao redor das pessoas. Um dia eu disse a uma das freiras que a sua luz era mais forte que a da madre superiora. Isso me rendeu um castigo de três dias, sem poder falar ou brincar. O pior é que eu não podia contar o que via aos meus pais, com medo que eles não entendessem ou ficassem chateados comigo. Guardei tudo para mim até completar 16 anos, quando conheci Ed, meu marido, que foi o único a me entender, pois ele cresceu em uma casa mal-assombrada, dos cinco aos 12 anos. Por isso, se interessou em investigar os fenômenos comigo. Ed queria ajudar as pessoas que enfrentaram o mesmo que ele. Quando criança, Ed costumava ver o fantasma de uma senhora no armário do seu quarto e ouvir a batida de uma bengala no solo, a mesma que o seu avô falecido tinha.
* A senhora nunca teve medo de visitar as casas consideradas mal-assombradas?
Não. Sempre gostei de ajudar os outros. Muitas vezes, as orações e o terço eram suficientes para neutralizar os espíritos negativos e mandá-los de volta. Para expulsar os mais insistentes, nós tínhamos de realizar um exorcismo, o que era mais complicado. Para isso, precisávamos de provas concretas e de autorização da Igreja Católica. Quando o caso era urgente e não tínhamos um padre disponível, o próprio Ed realizava o ritual.
* O que vemos no filme é fiel aos acontecimentos?
O filme reproduz com fidelidade a maneira como Ed e eu interagíamos, o modo como chegamos ao caso da família Perron e como conduzimos a investigação. Há, obviamente, algumas licenças que o filme toma por razões dramáticas. Em nenhum momento o chão se abriu sob meus pés, me fazendo cair num calabouço, por exemplo.
* Qual foi o envolvimento da senhora com a produção do filme?
Atuei como consultora. Os atores Vera Farmiga e Patrick Wilson vieram até em casa para me conhecer e saber mais sobre as investigações. Ainda participo de algumas delas, mas não com a mesma frequência. Minha habilidade foi testada e comprovada por especialistas de várias universidades, como a UCLA.
* Por que o caso da família Perron foi escolhido para o filme?
Porque foi um dos casos que mais afetou as pessoas envolvidas. Quando eu visitei a família, eles me levaram para conhecer todos os cômodos. Conforme eu circulava pela casa, senti a presença negativa de espíritos por todos os lados, uma força que não tinha visto antes.
* O filme conta por que vocês criaram o Occult Museum, no porão de sua casa. O que ele representa para você?
Talvez seja o lugar mais mal-assombrado do mundo por reunir objetos que trouxemos, ao longo dos anos, de casas mal-assombradas. Muitas delas por séculos. Todos os itens representam casos que investigamos, sendo muitos deles peças-chave nas manifestações. É por isso que pedimos para os visitantes não tocarem em nada. O pior deles é a boneca Annabel, trancada num armário de vidro por ter machucado muita gente. Por saber do que a boneca é capaz, passo diante dela sempre muito rapidamente. Nunca ouso parar para encará-la.
Fonte: Galileu
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