Este tubarão de focinho longo, conhecido como bandringa, foi um dos
primeiros ancestrais dos tubarões modernos. © JOHN MEGAHAN, UNIVERSIDADE
DE MICHIGAN
O mais antigo berçário de tubarões, contendo fósseis de ovos e
filhotes, foi descoberto no terreno da usina nuclear de Braidwood, no
nordeste do Illinois.
Segundo artigo publicado no Journal of Vertebrate Paleontology, o
berçário tem cerca de 310 milhões de anos e abrigava uma espécie de
tubarão de focinho longo chamada bandringa, um dos primeiros ancestrais
dos tubarões modernos.
“Pelo menos uma dúzia de fósseis de filhotes, talvez mais, foram
desenterrados no local”, conta Lauren Sallan, paleontóloga da
Universidade, que escreveu o artigo com Michael Coates. O estado de
preservação de alguns fósseis é impressionante.
“Encontramos até tecidos moles nos filhotes”, revela Sallan. Segundo a
pesquisadora, os tecidos contêm pigmentos que, no futuro, podem revelar
a coloração exata dos tubarões. No entanto, é provável que não haja
vestígios de DNA.
Além dos filhotes, os paleontólogos estudaram os fósseis de mais doze
bandringas adultos. Anteriormente, esse tubarão havia sido classificado
em duas subespécies, mas os pesquisadores concluíram que todos os
fósseis pertencem a uma única espécie.
Com a descoberta, os cientistas
agora têm uma noção mais abrangente da anatomia e das características do
tubarão extinto.
“O bandringa tinha a cabeça totalmente coberta por grandes espinhos,
um focinho comprido com eletroreceptores, parecido com um remo, e
mandíbulas capazes de se projetar para sugar o alimento”, explica
Sallan.
Parecido com o peixe-espada e o peixe-espátula dos dias de hoje, o
bandringa tinha um focinho enorme, que correspondia à metade de seu
comprimento. Seus eletrorreceptores ajudavam os tubarões a localizar as
presas, que consistiam em pequenos crustáceos e outros animais marinhos.
Os filhotes tinham entre 10 e 15 centímetros, e os adultos podiam
chegar a 3 metros de comprimento. O estômago de alguns filhotes ainda
continha pequenos crustáceos, indicando que os animais morreram
subitamente, antes de a refeição ser digerida. A causa da morte ainda é
um mistério.
Com base na localização dos fósseis, os pesquisadores concluíram que
os adultos migraram dos pântanos de água doce da Pensilvânia e de Ohio
para o litoral atlântico para acasalar. Essa linha costeira
pré-histórica hoje abriga a central nuclear.
Segundo Sallan e Coates, essa seria a mais antiga rota migratória do
grande predador dos mares, e é o único exemplo de migração de tubarões
da água doce para a salgada.
“Também é a evidência mais antiga de
segregação, já que adultos e filhotes viviam em lugares diferentes, o
que explica a migração para o berçário”, detalha Sallan.
Segundo a pesquisadora, os tubarões recorriam aos berçários porque se
localizavam em pontos isolados, o que protegia os filhotes de tubarões
maiores e outros potenciais predadores.
Como o período de gestação dos tubarões pode ser bem longo – até dois anos -, esse tipo de precaução era ainda mais importante.
“O artigo fornece teorias interessantes sobre o comportamento de
reprodução, com base na interpretação literal da distribuição dos
fósseis: adultos em um lugar, filhotes e ovos em outro”, explica John
Maisey, paleontólogo do Museu Americano de História Natural.
No entanto, Maisey reconhece que inferir o comportamento de uma
espécie tão antiga com base em evidências sólidas é um desafio
instigante. “O comportamento não se fossiliza com facilidade”.
Por Jennifer Viegas
Fonte: Animal Planet
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