quinta-feira, 10 de abril de 2014

Mulheres que deram à luz a múmias


 
Mulheres que deram à luz a múmias… este podia ser um título de um suspense concorrendo a best-seller mundial.


Contudo hoje não iremos falar sobre o fruto da fantasia literária, mas sobre um verdadeiro fruto do ventre humano que estava destinado a não nascer, mas a mumificar dentro do corpo de sua mãe por muitos anos.


Ninguém nunca iria descobri-lo se não tivesse sido o acaso.


No início de fevereiro deu entrada no hospital da cidade brasileira de Natividade uma mulher de 84 anos com queixas de fortes dores abdominais. 
 
 
Depois de feito o exame de raio X, os médicos não acreditaram nos seus olhos: no abdômen da aposentada foi descoberto um feto petrificado que correspondia a um prazo de gravidez de 20 a 28 semanas. Estudos posteriores mostraram que o feto, que ficou mumificado no útero da brasileira, tinha pouco menos de 44 anos.


Com foi isso possível? Porque a senhora não terá pedido ajuda médica antes e conseguiu viver uma vida tão longa carregando no seu corpo um feto petrificado? A Voz da Rússia pediu esclarecimentos à ginecologista e obstetra Ekaterina Semenova:


“Neste caso se trata de litopédio, um fenômeno médico raro que ocorre em ginecologia quando o feto morre em gravidez ectópica. Regra geral, uma mãe não pode prosseguir com a gestação de um feto fora do útero. Aqui os acontecimentos podem se desenvolver de várias formas: ou um abordo na fase inicial, acompanhado de elevado risco de morte da grávida por hemorragia abundante se não for medicamente assistida de forma atempada. Ou então, em casos raríssimos, a gravidez extrauterina tem sucesso. Porém, e regra geral, os médicos não mantêm essa gravidez porque o risco de morte da mãe é muito elevado. Podem ser contados pelos dedos de uma mão os casos de partos bem-sucedidos de bebês extrauterinos. O litopédio pode ocorrer numa paciente a partir da 16ª semana de gravidez e até ao fim do tempo. Repito, esse é um fenômeno médico raríssimo”.


Normalmente estes casos ocorrem em mulheres que, por razões diversas, não puderam ser observadas durante a gravidez por ginecologistas, caso contrário teriam sido enviadas para abortar por razões médicas. Em praticamente todos os casos conhecidos as mulheres, nas quais foi detectado um feto petrificado no útero, viviam em povoados sem assistência médica adequada.


Também foi esse o caso da brasileira de 84 anos, cujo nome não é divulgado por razões de confidencialidade. Segundo a ginecologista e obstetra Gesneria Saraiva Kratka, que observou a idosa, a sua paciente tinha recorrido com fortes dores durante a gravidez, 44 anos antes, a um curandeiro local que lhe preparou uma infusão de ervas para aliviar a dor. A dor passou, assim como deixou de sentir movimentos. Depois disso a senhora, de pouca instrução, pensou que tinha abortado.


Ekaterina Semenova explica os processos que ocorreram posteriormente no organismo da brasileira:


“O feto realmente morreu. Mas, por razões desconhecidas para a medicina moderna, permaneceu no organismo da mulher. Como o feto já era demasiado grande para ser dissolvido pelo organismo, ele ficou calcificado, ou seja, ficou coberto com uma camada de cálcio e duro como uma pedra. Assim, o organismo da mãe conseguiu se proteger da sepse e da necrose por parte dos tecidos do feto”.


É interessante referir que nos últimos anos foram registrados vários casos de detecção de “bebês de pedra” no abdômen de mulheres idosas. Assim, em dezembro de 2013 foi divulgado que no abdômen de uma colombiana de 82 anos tinha sido encontrado um litopédio de 40 anos e no ano anterior, em fevereiro de 2012, uma indiana de 70 anos teve um feto petrificado com 35 anos removido. 
 
 
Contudo o caso que se tornou mais conhecido foi o de Zahra Aboutalib, habitante de Rabat, em Marrocos, que transportou dentro de si durante 46 anos um filho mumificado. Esse caso foi relatado num documentário interessante da televisão Channel 5 no âmbito do projeto Extraordinary People.


Concluindo, gostaríamos de referir mais uma vez como é surpreendente e multifacetado o mundo em que vivemos. Há muita coisa invulgar e que não cabe dentro dos parâmetros habituais que ainda nos falta conhecer. Estudem-no e observem-no porque vale a pena.



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