Um primitivo peixe mostrou que, mesmo fora da água, é capaz de se
locomover e oferecer pistas sobre a evolução das espécies do mar para a
terra, de acordo com um novo estudo realizado na Universidade de Ottawa,
no Canadá.
Capaz de respirar na superfície, o espécime passou inclusive
por modificações em seu esqueleto para melhorar sua locomoção.
A
pesquisadora Emily Standen, da Universidade McGill, decidiu criar uma
espécie de peixe fora da água. Juntamente com o paleontologista Hans
Larsson, ela escolheu o bichir-de-senegal ou enguia dinossauro
(Polypterus senegalus senegalus), uma espécie com características
primitivas que lembra um ancestral dos animais terrestres.
Equipado com
pulmões e escamas duras, o bichir usa as nadadeiras peitorais atrás da
cabeça para se movimentar em terra e ir de uma poça de água para outra.
Os pesquisadores compraram 149 espécimes com dois meses de vida e
mantiveram 111 em um terrário durante 8 meses. Os outros 38 ficaram em
um aquário.
Os peixes criados em terra apresentaram mudanças na
estrutura de seu esqueleto que lhes permitiram se locomover em terra.
Os
bichires passaram a usar suas nadadeiras dianteiras para se erguer e
"caminhar". A estrutura que seria semelhante à nossa coluna vertebral
tornou-se mais reforçada e longa para dar maior apoio ao restante do
corpo.
"Todas as mudanças que observamos estão documentadas no
estudo dos fósseis", afirma a pesquisadora Emily Standen, especialista
em biomecânica comparative e evolucionária na Universidade de Ottawa.
"Os resultados podem jogar uma luz sobre um fator que teria parte na
origem dos tetrápodes", diz Per Ahlberg, uma paleontologista da
Universidade Uppsala na Suécia. Resta aos cientistas entender esse
desenvolvimento na evolução e passagem das espécies aquáticas para a
vida na terra.
As mudanças --chamadas plasticidade
desenvolvimentista—deram aos animais "vantagens" em sua luta pela
sobrevivência, possivelmente passada em seus genes para as novas
gerações, que os pesquisadores vão acompanhar em novo estudo.
"Eventualmente, essas mudanças podem se tornar permanentes com o tempo",
diz Emily Standen. "Mas como isso acontece", diz, ainda permanece um
"mistério".
Fonte: UOL
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