Um manto têxtil
pré-inca com 2.000 anos de antiguidade, que representaria um calendário
agrícola da cultura Paracas, está em exibição desde sexta-feira
em Lima, surpreendendo por sua simbologia e bom estado de conservação.
O
chamado Manto Calendário é considerado por especialistas como um dos
têxteis arqueológicos mais importantes do mundo por sua antiguidade,
desenhos e técnica de confecção, que permite ver figuras de animais em
formato tridimensional.
A peça valiosa foi recuperada com outros
têxteis que tinham sido vendidos do Peru ilegalmente para a Suécia quase
um século atrás e foi devolvida em junho passado por um museu de
Gotemburgo.
"É uma peça única no mundo. É a estrela dos 89 mantos
recuperados após permanecer ilegalmente mais de oito décadas na Suécia",
disse à AFP Carmen Thais, chefe da área de têxteis do museu.
"O
manto teria sido tecido entre os anos 200 a.C a 200 d.c. Ele tem 32
quadros e em cada um deles, há uma figura que marca épocas estacionárias
na sociedade Paracas", comentou.
Ela explicou que a técnica do
tecido é conhecida como "looping" (anelado), que possibilita a confecção
de estampas tridimensionais.
Foi tecido em algodão e lã de camelídeos e tem 104 cm de comprimento por 51 de largura.
Nos
diferentes quadros é possível ver nos menores detalhes condores, gatos
monteses, camarões, rãs, espigas de milho, aves como o beija-flor e a
perdiz, e homens trabalhando a terra.
"Os desenhos foram tecidos
com agulha de cactus, com fios finos de camelídeos para as cores nas
quais predomina o vermelho". Para obter a coloração "foram usadas
plantas, minerais e, em outros casos, a própria cor da alpaca ou da
vicunha", explicou.
Cada quadro foi feito em separado e em
seguida, unido à peça para formar um manto de grande beleza, cheio de
iconografia, disse Thais.
Paracas
foi uma importante civilização do período denominado 'Formativo
Superior ou Horizonte Precoce', que se desenvolveu na atual província
peruana de Pisco, região de Ica (sul).
Os têxteis paracas eram
considerados os mais belos entre os produzidos na época pré-hispânica
por sua beleza artística e o simbolismo de suas imagens.
Acredita-se
que o Mando Calendário fosse um "ñañaca", uma espécie de toca que teria
feito parte de um enxoval funerário de um alto hierarca.
A elite
Paracas usava abundantemente em seu vestuário têxteis como mantos,
ponchos curtos, turbantes coloridos, tapa-sexos ou waras, camisas ou
unkus e saias.
Segundo acordo com as autoridades suecas, a coleção de peças Paracas será devolvida ao Peru, gradativamente, até o ano 2021.
O
manto ficará em exibição duas semanas no Museu de Arqueologia,
Antropologia e História de Lima, antes de ser levado a um recinto
especial para sua conservação.
Fonte: Yahoo!
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