Reconstituição de um fitossauro
Angolatitan adamastor (por Karen carr)
Octávio Mateus apresenta na Alemanha as descobertas de uma expedição à
Gronelândia na qual foram recolhidos fósseis de tartarugas e de um
réptil parecido com os crocodilos com 200 milhões de anos.
A expedição internacional integrou 12 investigadores – além do
português, também alemães e dinamarqueses – que descobriram em 2012
fósseis, com 200 milhões de anos, de tartaruga, uma das mais antigas do
mundo, e de um fitossauro, o primeiro a ser descoberto na
Gronelândia.
Trata-se de um enorme réptil parecido com os crocodilos que
seria “um dos maiores predadores” do período conhecido por “Triásico”,
mais antigo que o Jurássico Superior. São essas descobertas que agora
serão apresentadas aos cientistas no Congresso Mundial de Paleontologia
que decorre na Alemanha.
“Os fitossauros viveram durante pouco tempo porque se extinguiram
rapidamente e não há tantos exemplares quanto isso, logo qualquer
descoberta que façamos permite-nos compreender um pouco mais estes raros
répteis”, disse à agência Lusa Octávio Mateus, o primeiro português a
procurar achados paleontológicos na Gronelândia.
Os achados recolhidos e depois estudados, nos últimos dois anos em
laboratório, permitiu à equipe concluir que não seria apenas um
fitossauro, mas “quatro indivíduos (dois adultos, um juvenil e um bebé),
na mesma jazida, em meia dúzia de metros quadrados, o que é estranho
porque não havia de todo fitossauros na Gronelândia”, explicou o
paleontólogo da Universidade Nova de Lisboa.
A equipe encontrou ainda vestígios de plateossauro, um dinossauro
herbívoro, mais de mil pegadas de dinossauros carnívoros e herbívoros e
pegadas de outros animais, como anfíbios.
Na expedição de 2012, o português teve a experiência de escavar pela
primeira vez em ambiente polar, apesar de há 200 milhões de anos aquele
território ser quente e habitado por animais que “competiam” entre si
numa fase inicial da evolução da vida na terra, como comprova a
descoberta de achados.
Os investigadores foram transportados e recolhidos por helicóptero em
Lepidopteris Elv, uma zona inóspita de Jameson Land onde não havia
presença humana há 17 anos. Para aí permanecerem durante um mês, foram
preparados para enfrentar possíveis ataques de ursos polares, que os
obrigou a aprender a manusear armas de fogo para o efeito.
A campanha foi financiada pelo Museu de Paleontologia da Dinamarca, onde alguns dos achados estão expostos.
No Congresso Mundial de Paleontologia o português integra uma equipe
de seis especialistas, entre italianos, russos, americanos e holandeses,
que anuncia também hoje à comunidade científica a descoberta das
primeiras pegadas de dinossauros, crocodilos e de enormes mamíferos, do
Cretáceo Inferior, com cerca de 100 milhões de anos.
Os achados foram encontrados em 2011 numa mina de diamantes em Lunda
Sul, interior de Angola onde tinha descoberto antes ossos do primeiro
dinossauro daquele país, considerado simultaneamente uma nova espécie
para a ciência a que deu o nome de “Angolatitan Adamastor”.
“Estamos a falar de pegadas de mamíferos do tamanho de um cão numa
altura em que os mamíferos não eram maiores do que uma ratazana. É
também inusitado porque foram descobertas numa mina de diamantes, que
têm rochas vulcânicas onde é impossível termos fósseis. Portanto, a
existência de pegadas numa mina é muito invulgar”, adiantou o
paleontólogo que aponta a hipótese, “quando a rocha colapsou, se ter
criado um pequeno lago, com lama, onde os dinossauros e mamíferos
passavam e fizeram pegadas”.
Fonte: Observador
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