sábado, 13 de dezembro de 2014

Valença do Piauí: o aparelho da Serra do Batista

Nestas redondezas da Serra do batista ocorreu o caso ufológico


O Sr. Ângelo Silva, morador da Serra do Batista e testemunha do fenômeno luminoso




 Por Reinaldo Coutinho


Distante cerca de 17 km da sede do município piauiense de Valença do Piauí, chegamos à sede da isolada Fazenda Morada Nova, na Serra do Batista. Ali fomos entrevistar o sr. Ângelo Pereira da Silva, morador daquele ermo recanto.


O Sr. Silva se mudou para aquela fazenda em 1979. Por essa época já havia acontecido nas redondezas um estranho caso supostamente ufológico com tal de Firmino, pessoa muito conhecida na região.


Soubemos através de nosso anfitrião que o tal Firmino estava numa espera (tocaia de caçada) em uma noite escura. De repente, lá vem o que os caboclos chamam de aparelho, iluminando tudo. Ficou tudo tão claro que poderia ser achada uma agulha no chão. É um ponto comum em todos estes tipos de casos.


Só que desta vez o aparelho não era tão pacífico como de maneira usual são noticiados nos nossos sertões. Este avançou pelas árvores e se aproximou ameaçadoramente de Firmino, que estava numa rede no alto de uma árvore, lançando-o violentamente ao chão. O caçador se arrebentou todo na queda, saindo todo rasgado de galhos. 


Desorientado e apavorado, Firmino correu aleatoriamente para qualquer direção, vez por outra batendo o rosto contra as árvores, escorregando, se arranhando e arrancando as unhas dos pés nos lajeiros. Até que perdeu de vista o aparelho e a luminosidade.


Então Firmino desmaiou, esgotado pelo susto e pelo cansaço da fuga. Encontraram o infeliz no outro dia, desmaiado e sangrando muito. Mas sobreviveu para contar seu estranho caso.


Perguntamos ao Sr. Ângelo o que seria este aparelho, ao que ele nos respondeu:

No começo eu tinha muito medo, pois o povo dizia que era o Chupa, uma coisa que tirava o sangue da gente. Mas depois, de tanto a gente ver e ouvir nossos amigos contando as histórias, nós até que nos acostumamos. Todo mundo viu. O caçador dessa região que fez alguma espera de 1979 a 1982 e disser que não viu está mentindo.


Passamos então, a ouvir o Sr. Silva contar o caso acontecido com ele próprio:

Eu mesmo já vi muitas vezes aqui no sítio. Uma vez foi a pior de todas. Eu fui com meu irmão Manoel a uma caçada e do ponto que ele tava, um aparelho arrodeou ele. O mano ficou apavorado, com os olhos esbugalhados, sem coragem de se mexer. A claridade era tanta que deu nas faveiras do lugar e os caititus se deitaram de susto. Até os bichos do mato têm medo desse troço.


Mesmo com muito medo apontei minha espingarda para o bicho e disparei. Não sei se acertei moço. Mas o certo, é que o aparelho nunca mais apareceu. O Período de ele assustar a gente aqui foi de 1979 a 1982. 


E como era esse aparelho? - Perguntamos.

A bem da verdade a gente só via mesmo era o clarão que vinha de cima das folhas das árvores. A gente só via o movimento, a luz caindo sobre a gente.


Era um brilho medonho e fazia uma zoada assim como um ventilador velho. Ventava muito. Era como um porta-vento. Lembro também que mesmo de longe parecia fazer uma friagem danada. Meu irmão tava mais perto do aparelho e confirmou o frio.


O que esse relato tem em comum com milhares de outros de nossos sertões é, além da intensa luminosidade, o fato de que os caçadores quase nunca veem o aparelho propriamente dito, mas sim apenas a sua luminosidade.


Acrescentamos ainda que percebemos espontaneidade e seriedade nas palavras do Sr. Ângelo Silva. Sutilmente, perguntamos a ele se poderia ser um disco-voador. Ele respondeu que não sabia o que era o disco-voador. Na época em que o entrevistamos (2001) a energia elétrica ainda não tinha chegado a sua casa, que não possuía sequer um aparelho de televisão.


Nosso amigo valenciano, o intelectual Antônio José nos contou que a tradição popular reza que a razão de acontecerem tantos fenômenos estranhos na serra do Batista é que ali haveria uma jazida de urânio. Também no município de Pedro II, no norte do Piauí, terra de impressionantes fenômenos, dizem a mesma coisa por causa de minérios...


Aliás, o mesmo Antônio José nos contou uma marmotagem esquisita da serra. No final dos anos 60 seu tio Aarão Tenório foi acometido por um destes fenômenos arrepiantes:


Meu tio vinha do (vale do) Sambito da casa do compadre João, tocando seu dócil e preguiçoso jumento pelas veredas da encosta da serra quando viu uma figura com um objeto transformante na mão. Estava já escurecendo e meu tio discerniu que a figura era um tipo de arco-íris. Assim uma coisa difícil de se estabelecer. Só lembro que ele falava que o bicho mudava muito de cor e de formato.


O jumento estranhou aquilo. Começou a emburrar, parava, andava e hesitava. De vez em quando meu tio ouvia um estridente grito, ali de longe. Ele não estava muito perto da coisa. Só sei que ele viu muito aquela coisa esquisita, que ele não sabia nem mesmo dizer o que era. Mas, ele sempre disse que coisa nossa, aqui dos homens, não era. Até que o bicho desapareceu e não se ouviu mais os seus gritos...


Meu tio ficou tão impressionado que daquela época em diante nunca mais ele viajou sozinho, nem que fosse só uma visita de umas léguas... Ele se impressionou demais... Mas ele não passou por mentiroso porque muitos outros sertanejos viram a marmota na serra do Batista. Principalmente no final dos anos 60...


Coisas das solidões do Sertão...




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