Capa de 1909 da Pearson’s Magazine com a história da Múmia da má sorte
(Wikimedia Commons). Fundo: Partida do RMS Titanic de Southampton em
abril de 1912 (F.G.O. Stuart via Wikimedia Commons)
Estranhas ocorrências dizem ter provocado um turbilhão em torno de um
artefato egípcio antigo, que ficou conhecido como a “Múmia da má sorte”
desde que foi levado do Egito para a Europa no século 19. Algumas dessas
histórias são certamente mito, mas outras teriam sido verificadas por
um jornalista do início do século 20.
O jornalista, Bertram Fletcher Robinson, supostamente passou meses
investigando e verificando a verdade sobre as tragédias relacionadas com
o artefato. Mas antes que pudesse completar o seu trabalho, Robinson
morreu de repente.
Isso pode ter sido a maldição da Múmia da má sorte?
Bertram Fletcher Robinson ca. 1906 (Ted Sherrell/Wikimedia Commons)
O Sr. Arthur Conan Doyle e alguns dos outros conhecidos de Robinson
achavam que sim. As observações de Doyle sobre a morte e pesquisas de
Robinson foram registrados nas publicações Pearson’s Magazine e The
Daily Express, que são do mesmo proprietário.
Robinson começou sua investigação com a esperança de escrever uma
coluna para o “The Daily Express” onde descartaria as lendas.
Mas ele
teria, supostamente, descoberto que elas eram verdadeiras. Os artigos
foram compilados e citados em matérias pela BFRonline, uma organização
que desenvolve projetos de pesquisa em todos os aspectos da vida e obra
de Robinson (1870-1907), que também era uma notória figura literária,
político e desportista.
Doyle falou sobre a morte de Robinson: “Isso foi causado por
Elementais egípcios que guardavam a múmia feminina, pois ele começou uma
investigação das histórias de maldade da múmia. É impossível dizer, com
absoluta certeza, que isso é verdadeiro… Mas no Museu Britânico eu
adverti o Sr. Robinson em relação a sua ligação com a múmia. Ele
persistiu e sua morte aconteceu… Eu disse que ele estava brincando com a
sorte por perseguir a investigação… A causa direta de sua morte foi
febre tifóide, mas esse foi o modo que possibilitou a atuação dos
elementais que guardavam a múmia.”
A história deste artefato (que não é, na verdade, toda a múmia, mas
sim a tampa do sarcófago da múmia) foi contada na edição de agosto de
1909 da Pearson’s Magazine, onde foi dito que todos os fatos foram
meticulosamente verificados por Robinson.
Capa de 1909 da Pearson’s Magazine com a história da Múmia da má sorte (British Museum ref AE 22542) (Wikimedia Commons)
O artefato foi descoberto no Egito por um Árabe que o vendeu para um
Sr. W. em uma festa de uma “bem conhecida titulada senhora Inglesa”. O
sarcófago da múmia foi assim descrito na revista: “Isso parecia retratar
a face de uma mulher, com uma beleza estranha e com uma expressão de
frieza maligna.”
“Na viagem de retorno da festa, um dos membros (da comitiva do
comprador) foi baleado acidentalmente no braço por seu serviçal, através
de uma arma disparada sem uma causa visível. O braço teve se ser
amputado. Outro morreu na pobreza um ano depois. Um terceiro foi
baleado. O Árabe, primeiro proprietário do sarcófago encontrado, ao
chegar no Cairo, tinha perdido uma grande parte da sua fortuna. Morreu
logo em seguida…
“Quando o artefato chegou na Inglaterra, ele foi doado pelo Sr. W.
para uma irmã que era casada e vivia perto de Londres (o BRFonline
especulou que esta poderia ser uma mulher chamada Sr. Warwick Hunt). De
uma só vez, a desgraça caiu sobre sua casa: sofreram grandes perdas
financeiras o que levou a mais outros problemas.”
Ainda foi dito que, um certo fotógrafo, que teria tirado uma
fotografia do artefato e afirmado que tinha capturado um rosto vivo de
uma mulher no filme, teria morrido pouco depois. O fato é que o dono
doou o artefato para o Museu Britânico, onde ficou abrigado enquanto
Robinson o estudava, e onde permanece até hoje.
Todas essas histórias estão baseadas na investigação de um homem
morto há muito tempo e no relato de duas publicações de um mesmo dono.
Mas se isso tudo for verdade, o conto é certamente algo estranho. Os
rumores que surgiram em torno deste vestígio, de uma múmia de uma antiga
sacerdotisa, desde o artigo de 1909 da Pearson’s Magazine, podem ser
mais fáceis de dissipar.
RMS Titanic partindo de Southampton em 10 de Abril de 1912 (F.G.O. Stuart via Wikimedia Commons)
Também dizem que a múmia da má sorte estava a bordo do Titanic quando afundou, e que poderia ser responsável pela tragédia.
Barbara Mikkelson do Snopes.com pesquisou a história desta lenda e
concluiu que o sarcófago da múmia nunca teria saído do Museu Britânico, e
que o rumor começou com o jornalista William Stead e outro homem
chamado Douglas Murray.
Stead e Murray teriam contaram uma história de uma múmia trazida para
a casa de um amigo. O espírito da múmia teria destruído tudo que era
quebrantável na casa, e trazido doença e infelicidade para todos que
tiveram contato com ela.
Mais tarde, eles viram o sarcófago no Museu
Britânico, o mesmo artefato investigado por Robinson. Eles disseram que o
rosto retratado no sarcófago parecia atormentado e que o espírito da
sacerdotisa era uma força maligna solta no mundo.
Stead era um passageiro no Titanic e afundou com o navio. Um
sobrevivente lembrou desta história em entrevista ao New York World
dizendo que Stead contava para seus companheiros de viagem que a múmia
era amaldiçoada.
Eventualmente, explicou Mikkelson, a história da múmia amaldiçoada, o
sarcófago do Museu Britânico e o Titanic foram todos misturados numa só
lenda.
Fonte: Epoch Times
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