terça-feira, 21 de julho de 2015

Exames de DNA revelam origens de múmias ruivas chinesas


Conhecida como “Bela de Xiaohe“, múmia encontrada na Bacia de Tarim possui traços ocidentais - AP/Matt Rourke

 
 
Povos que habitaram a Bacia de Tarim há 4 mil anos migraram para a região vindos da Europa.
 
 
A região da Bacia do Tarim, no Oeste da China, é conhecida por ter feito parte da “rota da seda”, que interligou comercialmente a Europa ao Oriente durante séculos. Por esse motivo, a população local apresenta uma diversidade cultural e biológica, mas a origem desses povos sempre foi um mistério. Um novo estudo, publicado na revista acadêmica BMC Genetics, analisou o DNA de múmias de até 4 mil anos encontradas na região, algumas com cabelos ruivos e narizes longos incomuns no país comunista, e revelou que elas têm ascendência em povos da Europa e Eurásia.
 
 
As primeiras múmias de Tarim começaram a ser encontradas na década de 1930, e a descoberta de novos cemitérios é recorrente. Elas são consideradas as mais bem preservadas da China, por causa do ar seco na região desértica onde está localizada a bacia, e, por esse motivo, possuem material genético suficiente para os exames genéticos conduzidos pela equipe de Chunxiang Li, especialista em pesquisas genéticas na Universidade Jilin.


“A descoberta de um sítio da Idade do Bronze, com tantas múmias bem preservadas, incluindo indivíduos com características faciais europeias, forneceu uma oportunidade única para obter evidências genéticas sobre os primeiros colonizadores da Bacia de Tarim”, explicou Li, em seu artigo.


Até então, provas arqueológicas e antropológicas levantavam duas hipóteses. A primeira dizia que a região havia sido colonizada por populações nômades das estepes do Cazaquistão, já o segundo modelo sustentava que as ondas migratórias vieram de povos agricultores dos oásis de Báctria, onde hoje estão Uzbequistão, Afeganistão e Turcomenistão.


O novo estudo analisou 36 indivíduos encontrados no cemitério Xiaohe, um dos sítios arqueológicos da região, com os esqueletos datados entre 4 mil e 3,5 mil anos atrás. Observando atentamente linhagens e mutações, os pesquisadores perceberam que muitas das amostram apresentavam mutações raras em humanos modernos, que não estão presentes em bancos genéticos. Os resultados mostraram que ambas as teorias possuem certa validade, mas as populações das estepes cazaques tiveram maior contribuição que os povos do oásis de Báctria.


Reconstruindo a possível árvore genealógica da Bacia do Tarim, os pesquisadores afirmam que “os indivíduos podem ter se casado pela primeira vez em populações pastoris que chegaram ao norte de Xinjiang pela estepe cazaque, seguindo o movimento de populações pastoris que, em seguida, se espalharam do norte para o sul de Xinjiang, onde está a Bacia de Tarim”.


Por outro lado, “os grupos que alcançaram a Bacia de Tarim pela rota dos oásis devem ter interagido culturalmente com populações mais antigas das estepes, resultando em pequeno sinal genético dos agricultores na comunidade Xiaohe“.





Fonte: O Globo

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