Conhecida como “Bela de Xiaohe“, múmia encontrada na Bacia de Tarim possui traços ocidentais
- AP/Matt Rourke
Povos que habitaram a Bacia de Tarim há 4 mil anos migraram para a região vindos da Europa.
A região da Bacia do Tarim, no Oeste da China, é conhecida por ter feito
parte da “rota da seda”, que interligou comercialmente a Europa ao
Oriente durante séculos. Por esse motivo, a população local apresenta
uma diversidade cultural e biológica, mas a origem desses povos sempre
foi um mistério. Um novo estudo, publicado na
revista acadêmica BMC Genetics,
analisou o DNA de múmias de até 4 mil anos encontradas na região,
algumas com cabelos ruivos e narizes longos incomuns no país comunista, e
revelou que elas têm ascendência em povos da Europa e Eurásia.
As primeiras múmias de Tarim começaram a ser encontradas na década de
1930, e a descoberta de novos cemitérios é recorrente. Elas são
consideradas as mais bem preservadas da China, por causa do ar seco na
região desértica onde está localizada a bacia, e, por esse motivo,
possuem material genético suficiente para os exames genéticos conduzidos
pela equipe de Chunxiang Li, especialista em pesquisas genéticas na
Universidade Jilin.
“A descoberta de um sítio da Idade do Bronze, com tantas múmias bem
preservadas, incluindo indivíduos com características faciais europeias,
forneceu uma oportunidade única para obter evidências genéticas sobre
os primeiros colonizadores da Bacia de Tarim”, explicou Li, em seu
artigo.
Até então, provas arqueológicas e antropológicas levantavam duas
hipóteses. A primeira dizia que a região havia sido colonizada por
populações nômades das estepes do Cazaquistão, já o segundo modelo
sustentava que as ondas migratórias vieram de povos agricultores dos
oásis de Báctria, onde hoje estão Uzbequistão, Afeganistão e
Turcomenistão.
O novo estudo analisou 36 indivíduos encontrados no cemitério Xiaohe,
um dos sítios arqueológicos da região, com os esqueletos datados entre 4
mil e 3,5 mil anos atrás. Observando atentamente linhagens e mutações,
os pesquisadores perceberam que muitas das amostram apresentavam
mutações raras em humanos modernos, que não estão presentes em bancos
genéticos. Os resultados mostraram que ambas as teorias possuem certa
validade, mas as populações das estepes cazaques tiveram maior
contribuição que os povos do oásis de Báctria.
Reconstruindo a possível árvore genealógica da Bacia do Tarim, os
pesquisadores afirmam que “os indivíduos podem ter se casado pela
primeira vez em populações pastoris que chegaram ao norte de Xinjiang
pela estepe cazaque, seguindo o movimento de populações pastoris que, em
seguida, se espalharam do norte para o sul de Xinjiang, onde está a
Bacia de Tarim”.
Por outro lado, “os grupos que alcançaram a Bacia de Tarim pela rota
dos oásis devem ter interagido culturalmente com populações mais antigas
das estepes, resultando em pequeno sinal genético dos agricultores na
comunidade Xiaohe“.
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