quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Pegadas que podem ser de dinossauros são encontradas na Bahia

Pegadas que podem ser de dinossauros são encontradas em Araci (Foto: Franklin Carvalho)



Pegadas que podem ser de dinossauros são encontradas em Araci (Foto: Juarez Pinheiro)



Marcas de dinossauros e outros fósseis foram achados em Araci, no mês de maio.


Pegadas milenares que podem ser de dinossauros foram encontradas no município de Araci, na Bahia, após quase três anos de pesquisa. A descoberta foi feita com ajuda do biólogo e paleontólogo Rafael Costa da Silva, da Divisão de Paleontologia do Serviço Geológico do Brasil (antiga Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais - CPRM, estatal).


Rafael esteve na região no mês de maio e constatou a possibilidade de as marcas serem de um dinossauro terópode. Também foram encontrados pequenos fósseis correspondentes a conchas de crustáceos distantemente aparentados com camarões.


Ele acredita que, independente da possibilidade das pegadas pertencerem à dinossauros, a área merece ser conservada pelos atributos paisagísticos e pela importância hidrogeológica. O Quererá é formado por grandes estruturas de rocha constituídas nos períodos Jurássico e Cretáceo, há 65 milhões e 200 milhões de anos, onde a água jorra mesmo em períodos de seca do sertão.



Descoberta



O Vale do Quererá, situado na região limítrofe dos municípios de Araci, Biritinga e Tucano, no nordeste da Bahia, foi incluído na base Paleo, um banco de dados que serve de referência de ocorrências paleontológicas a pesquisadores brasileiros.


O Paleo, que é aberto à consulta pública, foi base para o levantamento de dados, que começou em agosto de 2012, quando moradores da cidade fotografam algo parecido com pegadas de dinossauros.


Por meio da internet, os moradores entrararm em contato com a paleontóloga Carolina Scherer, da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), que investigava ossadas de uma preguiça gigante no município vizinho de Santaluz.



Provas


Em novembro de 2012, a professora fez uma vista preliminar ao Quererá com o paleontólogo Téo Oliveira, da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), e tiraram moldes das supostas pegadas demarcadas no leito de uma pedra.


Os pesquisadores concordam que não é possível confirmar se as pegadas são mesmo de dinossauro, já que não se podem identificar detalhes como dedos, garras, palmas, entre outros.


A ausência desses detalhes pode ocorrer devido à natureza maciça da rocha, às diferentes erosões das pegadas e do seu entorno, ou até mesmo pelo fato de os vestígios não terem sido preservados, o que demanda novas provas. 


O rastro encontrado é semelhante a uma linha caminhada por um animal bípede, cuja pata mediria de 18 a 30 cm. A distância entre os "passos" humanos varia entre 45 e 60 cm.


A professora Carolina Scherer acredita que seria interessante a criação de uma unidade de conservação nos formatos de uma reserva particular ou monumento natural. Além disso, Carolina pretende buscar formas de estudar as amostras de pequenos fósseis recolhidas no Quererá. 


O relatório apresentado pela equipe conclui afirmando que a área apresenta relevância como sítio de caráter didático e científico pela exposição rochosa, com potencial para o estudo de paleontologia (fósseis) e da estratigrafia (camadas de rocha), e com potencial turístico, devido à beleza.



Importância da região



Há mais de um século, a região do Quererá, que fica a 18 quilômetros do município de Araci, já era demandada pelos moradores da cidade para o abastecimento de água, principalmente nos períodos de seca, quando os criadores de gado levavam seus rebanhos para permanecerem no entorno. 


Nos anos 1980, o lençol freático no local passou a fornecer água encanada para os moradores da região, que, tendo o recurso nas torneiras de casa, deixaram de frequentar os minadouros naturais existentes nos lajedos.


A partir de 2012, talvez pela ocorrência de uma forte seca e pela demanda por lugares mais frescos para passeio, moradores de Araci e turistas recorreram ao paredão de pedras e ao Vale do Quererá como local turístico. Foi o caso do jornalista Franklin Carvalho e do historiador Juarez Pinheiro, que fizeram contato com os paleontólogos solicitando estudo da área.


O burburinho levantado pelos visitantes, inclusive partilhando fotos com amigos nas redes sociais, aumentou até originar um movimento de intervenção, articulado pelo radialista Pedro Lopes em 2014, com poda de plantas, instalação de banheiros de cimento e de elementos decorativos. Lopes também realizou uma missa campal numa clareira da mata à qual compareceram mais de mil pessoas e uma centena de automóveis.


Como toda moda, o interesse pelo Quererá foi arrefecendo e o sítio ainda carece de uma estrutura de preservação e de um plano de exploração turística. Não há guias nem uma trilha sugerida ao visitante, que pode ir embora sem conhecer as partes mais interessantes do vale. 


Além disso, o "redescobrimento" da região trouxe muitas consequências danosas, como a depredação do patrimônio que pode ser objeto de pesquisa. As rochas estão sendo riscadas, o lixo é abandonado em qualquer parte e até a fauna e a flora são danificadas, ressaltando para a necessidade de preservação da região.





Fonte: Correio

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