Pegadas que podem ser de dinossauros são encontradas em Araci (Foto: Franklin Carvalho)
Pegadas que podem ser de dinossauros são encontradas em Araci (Foto: Juarez Pinheiro)
Marcas de dinossauros e outros fósseis foram achados em Araci, no mês de maio.
Pegadas milenares que podem ser de dinossauros
foram encontradas no município de Araci, na Bahia, após quase três anos
de pesquisa. A descoberta foi feita com ajuda do biólogo e paleontólogo
Rafael Costa da Silva, da Divisão de Paleontologia do Serviço Geológico
do Brasil (antiga Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais - CPRM,
estatal).
Rafael esteve na região no
mês de maio e constatou a possibilidade de as marcas serem de um
dinossauro terópode. Também foram encontrados pequenos fósseis
correspondentes a conchas de crustáceos distantemente aparentados com
camarões.
Ele acredita que,
independente da possibilidade das pegadas pertencerem à dinossauros, a
área merece ser conservada pelos atributos paisagísticos e pela
importância hidrogeológica. O Quererá é formado por grandes estruturas
de rocha constituídas nos períodos Jurássico e Cretáceo, há 65 milhões e
200 milhões de anos, onde a água jorra mesmo em períodos de seca do
sertão.
Descoberta
O Vale do Quererá, situado na região limítrofe dos municípios de Araci, Biritinga e Tucano, no nordeste da Bahia, foi incluído na base Paleo, um banco de dados que serve de referência de ocorrências paleontológicas a pesquisadores brasileiros.
O Paleo,
que é aberto à consulta pública, foi base para o levantamento de dados,
que começou em agosto de 2012, quando moradores da cidade fotografam
algo parecido com pegadas de dinossauros.
Por
meio da internet, os moradores entrararm em contato com a paleontóloga
Carolina Scherer, da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB),
que investigava ossadas de uma preguiça gigante no município vizinho de
Santaluz.
Provas
Em novembro de 2012, a professora fez uma vista preliminar ao Quererá com o paleontólogo Téo Oliveira, da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), e tiraram moldes das supostas pegadas demarcadas no leito de uma pedra.
Os pesquisadores concordam
que não é possível confirmar se as pegadas são mesmo de dinossauro, já
que não se podem identificar detalhes como dedos, garras, palmas, entre
outros.
A ausência desses detalhes
pode ocorrer devido à natureza maciça da rocha, às diferentes erosões
das pegadas e do seu entorno, ou até mesmo pelo fato de os vestígios não
terem sido preservados, o que demanda novas provas.
O
rastro encontrado é semelhante a uma linha caminhada por um animal
bípede, cuja pata mediria de 18 a 30 cm. A distância entre os "passos"
humanos varia entre 45 e 60 cm.
A
professora Carolina Scherer acredita que seria interessante a criação de
uma unidade de conservação nos formatos de uma reserva particular ou
monumento natural. Além disso, Carolina pretende buscar formas de
estudar as amostras de pequenos fósseis recolhidas no Quererá.
O
relatório apresentado pela equipe conclui afirmando que a área
apresenta relevância como sítio de caráter didático e científico pela
exposição rochosa, com potencial para o estudo de paleontologia
(fósseis) e da estratigrafia (camadas de rocha), e com potencial
turístico, devido à beleza.
Importância da região
Há mais de um século, a região do Quererá, que fica a 18 quilômetros do município de Araci, já era demandada pelos moradores da cidade para o abastecimento de água, principalmente nos períodos de seca, quando os criadores de gado levavam seus rebanhos para permanecerem no entorno.
Nos
anos 1980, o lençol freático no local passou a fornecer água encanada
para os moradores da região, que, tendo o recurso nas torneiras de casa,
deixaram de frequentar os minadouros naturais existentes nos lajedos.
A
partir de 2012, talvez pela ocorrência de uma forte seca e pela demanda
por lugares mais frescos para passeio, moradores de Araci e turistas
recorreram ao paredão de pedras e ao Vale do Quererá como local
turístico. Foi o caso do jornalista Franklin Carvalho e do historiador
Juarez Pinheiro, que fizeram contato com os paleontólogos solicitando
estudo da área.
O burburinho levantado
pelos visitantes, inclusive partilhando fotos com amigos nas redes
sociais, aumentou até originar um movimento de intervenção, articulado
pelo radialista Pedro Lopes em 2014, com poda de plantas, instalação de
banheiros de cimento e de elementos decorativos. Lopes também realizou
uma missa campal numa clareira da mata à qual compareceram mais de mil
pessoas e uma centena de automóveis.
Como
toda moda, o interesse pelo Quererá foi arrefecendo e o sítio ainda
carece de uma estrutura de preservação e de um plano de exploração
turística. Não há guias nem uma trilha sugerida ao visitante, que pode
ir embora sem conhecer as partes mais interessantes do vale.
Além
disso, o "redescobrimento" da região trouxe muitas consequências
danosas, como a depredação do patrimônio que pode ser objeto de
pesquisa. As rochas estão sendo riscadas, o lixo é abandonado em
qualquer parte e até a fauna e a flora são danificadas, ressaltando para
a necessidade de preservação da região.
Fonte: Correio
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