terça-feira, 25 de agosto de 2015

Será que os australopitecos já conviviam com babuínos modernos?





Fóssil de babuíno encontrado na África do Sul com mais de dois milhões de anos ajuda a compreender a evolução deste primata.


A 45 quilômetros a noroeste de Joanesburgo fica Malapa, um importante local arqueológico na África do Sul onde se descobriram os fósseis do Australopithecus sediba, uma espécie conhecida em 2009, e que veio introduzir mais complexidade à evolução humana. 


Este australopiteco tinha perto de dois milhões de anos. Agora, uma equipe de cientistas descobriu no mesmo local o fóssil um pouco mais velho do crânio de um outro primata – um babuíno da espécie já extinta Papio angusticeps


É o primeiro fóssil de primata encontrado ali, além dos do australopiteco, e reforça a ideia de que talvez esses babuínos extintos sejam, na verdade, os primeiros membros de uma espécie de babuínos atuais.


“Os australopitecos e os babuínos coexistiram em termos temporais. Mas é impossível dizer como, quando e se interagiram”, diz ao PÚBLICO Christopher Gilbert, da City University de Nova Iorque, coordenador do trabalho publicado nesta quarta-feira na revista PLOS ONE.


O novo fóssil – que não é mais do que a parte direita do crânio, onde se inclui a região do olho e do maxilar superior, mas não os dentes – terá sido de um babuíno macho que viveu entre há dois e 2,3 milhões de anos. 


Por ter sido encontrado num local arqueológico em que se conhecem bem as datas dos sedimentos, este crânio ajuda a compreender a evolução dos babuínos, hoje espalhados por toda a África subsaariana e pelo Sul da Península Arábica.


“O fóssil parece ser o mais antigo da espécie Papio angusticeps”, diz o especialista em evolução dos primatas, que argumenta que há muitas parecenças entre os fósseis da espécie extinta e o Papio hamadryas, um babuíno que hoje se encontra no Leste de África e na Península Arábica. 


“O novo fóssil reforça a ideia de que o Papio angusticeps é provavelmente a mesma espécie do Papio hamadryas. Porque quase todas as características anatômicas que ficaram preservadas estão dentro da variação das características dos babuínos modernos.”


Pode parecer estranho que os babuínos de hoje e de há dois milhões de anos sejam praticamente iguais, enquanto a anatomia dos nossos antepassados mudou tanto até nós surgirmos. 


Mas Christopher Gilbert defende que as pressões evolutivas são diferentes em cada espécie: “Temos de assumir que vários fatores nas populações de hominídeos favoreceram uma evolução anatômica relativamente rápida, enquanto outros fatores nas populações de babuínos favoreceram a estabilidade anatômica.”



Fonte: Público

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