Espécie teria prosperado em baixas temperaturas, contrariando ideia de que esses seres se adaptavam apenas a climas quentes.
A descoberta de uma nova espécie de dinossauro capaz de sobreviver e
prosperar em temperaturas extremamente baixas pode trazer novos
paradigmas sobre a história desses seres. Encontrado numa remota região
do Alasca, o animal tinha cerca de dez metros de comprimento, andava em
bando e era da família dos hadrossauros, cujos exemplares eram
herbívoros.
Nomeado cientificamente de Ugrunaaluk kuukpikensis, o animal
pode mudar a história da Paleontologia no que diz respeito à maneira
como os dinossauros se relacionavam com o clima. Até então, era comum a
ideia de que eles eram capazes de sobreviver apenas em regiões com
temperaturas mais quentes.
O achado foi possível graças às análises de fósseis com cerca de 70
milhões de anos e foi publicado ontem em artigo na revista “Acta
Palaeontologica Polonica”.
O estudo foi conduzido pelo professor de
Paleobiologia da Universidade do Estado da Flórida, Greg Erikson, e seu
colega Patrick Druckenmiller, docente de Geologia na Universidade do
Alasca, em Fairbanks.
Os ossos foram encontrados na região da formação Price Creek, no
Norte do Alasca. Desde a década de 1980, escavações vinham sendo feitas
no local, de onde foram removidos mais de nove mil ossos de diferentes
animais, sendo seis mil do referido dinossauro.
Como havia um alto
número de material da espécie atribuído a exemplares de idades
diferentes, foi possível inferir que ele não só sobreviveu às
temperaturas geladas, como prosperou nessas condições.
— A descoberta de dinossauros tão ao Norte desafia tudo que pensamos
sobre a fisiologia de um desses seres — disse Erickson. — Ela cria essa
pergunta natural: como eles sobreviviam aqui?
O local da escavação configura uma unidade de rocha depositada na
planície de inundação da região costeira do ártico há cerca de 69
milhões de anos. No tempo em que esses dinossauros viveram por lá, o
Alasca era todo coberto por árvores, porque o clima da Terra era muito
mais quente como um todo.
Mas, como os dinossauros estavam tão longe, provavelmente enfrentavam
meses de escuridão durante o inverno. E mesmo que não fosse tão frio
quanto um inverno moderno, eles viviam em um ambiente onde a temperatura
média era de 6° Celsius e provavelmente tiveram contato com neve.
Segundo os cientistas, não há sinais de que eles tenham migrado em
busca da luz do Sol ou de calor, sugerindo que toleravam as condições
climáticas e conviviam de modo que a área em questão fosse tida como
lar.
— O que estamos descobrindo é basicamente um mundo perdido dos
dinossauros, com muitos dados completamente novos para a ciência —
destacou Erickson.
A professora da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) Taissa
Rodrigues, que é doutora em Paleontologia, comenta que a descoberta é,
de fato, interessante e ainda pode trazer novos dados relevantes. É o
caso de entender como eles enfrentavam as baixas temperaturas:
— É possível fazer análises dos ossos para saber se eles tinham
metabolismo mais alto, o que significa manter o calor do corpo —
observou. — Uma das formas de fazer essa verificação exige que os ossos
sejam cortados. Como a variedade de material é grande, acho que isso não
seria problema para os cientistas.
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