Nautilus pompilius (esquerda) nada próximo ao raro Allonautilus scrobiculatus (direita) na Ilha Ndrova
Nautilus pompilius nada acima ao raro Allonautilus scrobiculatus na Ilha Ndrova
Um animal que não era visto em mais de três décadas foi finalmente
reencontrado em julho pelo biólogo Peter Ward, da Universidade de
Washington (EUA).
Uma das criaturas mais raras do mundo, o Allonautilus scrobiculatus é uma espécie de náutilo descoberta na Ilha Ndrova, em Papua Nova Guiné.
No geral, os náutilos são criaturas difíceis de se encontrar, mas essa espécie parece ainda mais elusiva.
Esses primos distantes das lulas e chocos representam uma antiga
linhagem animal, muitas vezes batizada de “fóssil vivo”, porque suas
conchas distintas aparecem no registro fóssil desde impressionantes 500
milhões de anos.
Exclusivo
Em 1984, Ward viu pela primeira vez esse animal e recolheu vários
espécimes para análise, percebendo que suas brânquias, maxilas, a forma
da concha e estruturas reprodutivas masculinas diferiam
significativamente de outras espécies. Um segundo avistamento ocorreu em
1986, e depois o náutilo desapareceu até julho de 2015.
“Algumas características do náutilo – como a concha que lhe deu o
rótulo de ‘fóssil vivo’ – podem não ter mudado por um longo tempo, mas
outras partes sim”, disse Ward.
Por exemplo, o Allonautilus ostenta uma característica que
intrigou os pesquisadores. “Ele tem uma cobertura peluda e viscosa em
seu escudo”, disse Ward. “Quando a vimos pela primeira vez, ficamos
estupefatos”.
Sorria, você está sendo filmado
Ward e seus colegas colocaram iscas com câmeras no fundo do mar,
entre 150 e 400 metros abaixo da superfície, para tentar avistar esses
animais no mês passado. Depois de uma ausência de 31 anos, o bicho foi
finalmente flagrado novamente.
Os pesquisadores recolheram amostras de mucosas e mediram as
dimensões dos animais que conseguiram capturar, retornando-os mais tarde
ao local de onde foram encontrados.
Em seguida, usaram as informações para determinar a idade e sexo de
cada animal, assim como a diversidade de cada população no Pacífico Sul.
Através desses estudos, os cientistas aprenderam que a maioria das
populações são isoladas umas das outras, porque só podem habitar uma
estreita faixa de profundidade do oceano – ou seja, uma certa população
só pode viver na faixa em que se encontra, pois morrerá se for mais
fundo ou mais raso do que aquilo.
Estas restrições significam que as populações perto de uma ilha ou
recife de coral podem diferir geneticamente ou ecologicamente daquelas
em outro lugar. As descobertas representam um desafio para os
conservacionistas.
O vídeo abaixo mostra esses animais nadando de perto, mas as imagens
não são da espécie rara identificada por Ward. A equipe não divulgou
filmagem desses náutilos.
Pesca ilegal
A pesca ilegal e operações de “mineração” para coletar conchas de
náutilos já dizimaram algumas populações. Esta prática poderia ameaçar
uma linhagem de animais mais velha que os dinossauros, que sobreviveu as
duas maiores extinções em massa na história da Terra.
Ward disse que gostaria de estudar melhor o Allonautilus,
uma vez que testes genéticos sugerem que a espécie surgiu há
relativamente pouco. As observações também mostram que ele comporta-se
diferentemente de outros náutilos.
No entanto, sua raridade e a ameaça comercial podem tornar essa tarefa muito difícil.
Fonte: Hypescience
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