quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Esqueletos de soldados mostram que crianças lutaram na Guerra Civil Inglesa







 

 
 
Exército escocês recrutava jovens de até 12 anos para os campos de batalha no século XVII.


Arqueólogos da Universidade de Durham, na Inglaterra, anunciaram nesta quarta-feira a descoberta de evidências físicas de que adolescentes, entre 12 e 16 anos, eram recrutados como soldados durante a Guerra Civil Inglesa, na metade do século XVII. Os pesquisadores identificaram restos de 28 esqueletos de prisioneiros escoceses que lutaram, e perderam, a Batalha de Dunbar, no dia 3 de setembro de 1650.
 
 
Os esqueletos foram encontrados em novembro de 2013, durante a construção de um novo café na principal biblioteca do campus, instalada em um conjunto de palacetes do século XV. Foram recuperados os restos de 28 corpos, de dois fossos, e desde então o material passou por uma série de testes para estabelecer suas identidades.


Exames de datação por radiocarbono de quatro amostras, selecionadas cuidadosamente para garantir um resultado preciso, apontaram que a data da morte foi entre os anos 1.625 e 1.660. 


Além disso, alguns do esqueletos apresentavam marcas nos dentes que indicavam o uso de cachimbos de barro, de uso comum na Escócia a partir de 1.620. Combinando essas datas com a natureza das sepulturas, resultados de observações que estabeleceram que todos os esqueletos eram de homens, provavelmente de origem escocesa, com idades entre 12 e 25 anos, os arqueólogos concluíram que se tratam de prisioneiros da Batalha de Dunbar.


— Levando em consideração o alcance de detalhadas evidências científicas que temos agora, ao lado de evidências históricas do período, a identificação dos corpos como soldados escoceses da Batalha de Dunbar é a única explicação plausível — disse Andrew Millard, professor do Departamento de Arqueologia da Universidade de Durham.


A Batalha de Dunbar é considerada uma das mais sangrentas, e rápidas, da Guerra Civil Inglesa. Em menos de uma hora, os 12 mil homens do Exército Parlamentar Inglês, sob comando de Oliver Cromwell, esmagaram o Exército Escocês, com cerca de 11 mil soldados que apoiavam as reivindicações de Charles II ao trono da Escócia.


Entre 1 mil e 2 mil soldados escoceses morreram, e as forças de Cromwell perderam apenas vinte homens. O exército escocês estava sofrendo com deserções, disputas políticas e falta de recrutas adultos, o que explica a presença dos soldados adolescentes entre os prisioneiros em Durham.


Cerca de 6 mil escoceses foram feitos prisioneiros, sendo que mil deles foram imediatamente liberados por estarem doentes ou feridos. 


Outros mil morreram durante a marcha por 160 quilômetros até a cidade de Durham, onde os sobreviventes foram encarcerados em um castelo e numa catedral. Nos anos seguintes, alguns foram libertados, outros fugiram, mas a estimativa é que 1.700 prisioneiros da batalha morreram e foram enterrados em Durham.


Entre os adolescentes, os pesquisadores destacaram um garoto, entre 13 e 15 anos, que deve ter morrido por infecções nos pés e nas pernas; outro, de 14 a 15 anos, que parece ter sofrido de subnutrição por anos; e um outro, entre 12 e 16 anos, que também tinha infecções nos pés e pernas e, provavelmente, sofria de raquitismo.


— É um achado extremamente significante, particularmente porque joga luz sobre um mistério de 365 anos sobre o que aconteceu com os corpos dos soldados que morreram — Richard Annis, arqueólogo da Universidade de Durham. 


— O enterro foi uma operação militar: os corpos foram divididos em dois fossos, possivelmente em um período de dias. É muito possível que existam outras sepulturas em massa abaixo de onde hoje estão os prédios da universidade, mas que eram campos abertos na metade do século XVII.




Fonte: O Globo

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