A elevada frequência de ataques de tubarão está preocupando autoridades
da Austrália. Neste ano houve 29 casos - que resultaram em duas mortes e
18 feridos.
Uma vítima que sobreviveu a um deles narrou à BBC os
momentos dramáticos que quase lhe custaram a vida. Paul de Gelder foi
atacado em fevereiro de 2009.
O ex-militar participava de um treinamento contraterrorista no porto de
Sydney quando teve a perna arrancada por um tubarão de 2,7 metros
enquanto nadava na superfície.
"Não doeu tanto quando o tubarão me
mordeu. Eu senti como se alguém tivesse me batido na perna com um taco
de cricket", disse. "A dor começou quando ele me chacoalhou. Eu não
consigo nem descrever o quanto aquilo foi doloroso", relembrou ele.
Só em Nova Gales do Sul - o Estado mais populoso do país - foram
registrados 13 ataques, um deles fatal. Isso ocorre ao mesmo tempo em
que o número estimado de tubarões na região diminui.
Uma teoria é a de que mudanças nas correntes marítimas estão levando as
criaturas para cada vez mais perto das praias, segundo o pesquisador
David Powter, da Universidade de Newcastle, em Nova Gales do Sul. "Eu
tendo a pensar que temos uma confluência de fatores. Temos as correntes
trazendo mais peixes isca. Peixes maiores seguem essas iscas – e os
predadores os seguem", disse ele.
Os tubarões-brancos, os tubarões-touro (também conhecidos como
cabeça-chata) e os tubarões-tigre são os principais culpados de ataques
selvagens contra nadadores, surfistas e mergulhadores.
Segundo o biólogo marinho Marty Garwood, os dados disponíveis mostram
que o número de tubarões está em um nível "historicamente baixo" devido
principalmente à pesca.
De acordo com ele, apesar de picos esporádicos
como o que ocorre na Austrália, as pessoas que frequentam o mar para
fazer esportes serão sempre mais vulneráveis a ataques que as demais.
"Surfistas e mergulhadores tendem a ficar mais afastados da costa. Os
surfistas em particular formam uma silhueta, do ponto de vista do fundo
do mar, que se parece com uma foca ou uma tartaruga. Então um grande
tubarão-branco pode tentar checar se trata-se de uma tartaruga ou uma
foca. Essa mordida inicial é o que mais fere os surfistas desafortunados
que estão no lugar errado, na hora errada", disse ele.
Prevenção
Cerca de 70 especialistas internacionais em tubarões se reuniram
recentemente em Sydney para discutir tecnologias que podem tentar
prevenir ataques. As opções debatidas incluíam barreiras magnéticas,
redes flexíveis de plástico e aplicativos de telefone em tese capazes de
rastrear tubarões (por meio de localizadores) em tempo real.
Os recursos em uso atualmente são principalmente o uso de redes em ao
menos 50 praias de Nova Gales do Sul, monitoramento aéreo e por
salva-vidas. Mas Vic Peddemors, cientista do governo australiano, disse
que medidas protetoras mais efetivas são necessárias.
"O risco de um ataque de tubarão é extraordinariamente baixo, mas
infelizmente é um evento muito traumático que gera um impacto massivo
não apenas na vítima, mas em sua família e em testemunhas na praia",
disse. "Isso também atinge a economia e o turismo. Vários locais no
mundo cujas economias dependem do turismo sofrem grandes quedas como
resultado de ataques", afirmou Peddemors.
Fonte: Terra
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