Esboço da execução de Toldini do livro de Aldo Ripamonti I Brentonicani por Franco Ottaviani
O vilarejo de Bretoncino, no norte Itália, decidiu realizar um novo
julgamento para um caso inusitado: o de uma mulher condenada e levada à
fogueira há quase 300 anos por bruxaria.
Maria Bertoletti
Toldini era uma viúva sem filhos de cerca de 60 anos quando foi acusada
de diversos crimes, entre eles sacrilégio, heresia, adultério,
destruição de um vinhedo, deixar terrenos inférteis, assassinatos,
sodomia e de ter jogado uma criança de cinco anos num caldeirão de
queijo fervente.
Em 1716, ela foi decapitada e depois queimada numa fogueira, em público.
Historiadores acreditam que entre 50 mil e 60 mil pessoas -- a imensa
maioria, mulheres -- foram mortas no Europa sob a acusação de bruxaria
entre o fim do século 15 e o início do século 18.
Sob tortura, as mulheres eram muitas vezes forçadas a confessar e a acusar outras mulheres do mesmo crime.
Agora, autoridades locais querem usar o caso de Maria Toldini como uma
maneira de abordar um período brutal da história europeia.
Uma
decisão do conselho que administra a cidade permitiu a reabertura de seu
julgamento -- que terá, obviamente, um valor simbólico.
"Isso é
tão importante agora quanto foi há 100 anos e quanto será daqui a 100
anos. Houve um assassinato que não foi justificado, que não deveria ter
acontecido. Eles mataram uma pessoa com motivações que não existiam. Ela
era inocente", afirmou o ministro da Cultura, Quinto Canali, um dos
incentivadores do julgamento, segundo o jornal britânico "The Guardian".
O prefeito Christian Perenzoni concorda.
"Creio que haja aí um valor simbólico, em termos das mulheres. Essa foi
injustiça histórica contra mulheres, (...) como há hoje, em formas
distintas", afirmou, de acordo com o "Guardian".
"Se você deixa
algo passar que aconteceu há 300 anos, talvez você deixe passar algo
que aconteceu agora. O passado é ontem, mas também é 300 anos atrás",
argumentou.
Críticos da iniciativa apontaram os altos custos para um julgamento sem resultados que considerem reais.
Fonte: UOL
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