quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Dinossauros evoluíram muito mais rápido do que se pensava


 
 
Pesquisa usou datação por urânio-chumbo para aprimorar modelo evolutivo.


Os dinossauros evoluíram de seus ancestrais menores em apenas alguns milhões de anos e não ao longo dos 10 milhões de anos ou mais que os cientistas suspeitavam, diz um novo estudo.

De acordo com a “Science/AAAS”, o trabalho, baseado em datação radioativa de rochas abrangendo os primeiros fósseis desses antecessores, sugere que os paleontólogos há muito tempo vinham estimando mal o ritmo global da evolução dos dinossauros.


Os fósseis analisados no novo estudo estão entre os primeiros de um amplo grupo de criaturas chamadas dinossauromorfas. 


Esse grupo inclui todos os dinossauros, mas também seus antecessores e descendentes, que tinham o mesmo aspecto geral do corpo, mas não possuíam as características anatômicas distintivas em seus ossos do quadril que todos os verdadeiros dinossauros partilhavam.



PANGEA



Os primeiros dinossauromorfos conhecidos viveram em partes do antigo supercontinente Pangea que hoje são a América do Sul e a África Austral. Mas esses fósseis não são bem datados. Cientistas estimaram a chegada desses primeiros membros da árvore genealógica dos dinossauros tentando igualá-los às idades estimadas dos fósseis de répteis e outros animais que aparecem nas mesmas rochas. 


Esta técnica é conhecida como bioestratigrafia, e é tipicamente muito menos precisa do que métodos como a datação por urânio-chumbo. 


“Há muita incerteza nas idades dessas pedras”, diz Kenneth Angielczyk, um paleontólogo de vertebrados no Museu Field de História Natural, em Chicago, Illinois, que não estava envolvido no novo estudo. Isso é particularmente verdadeiro porque as rochas de regiões do sul da Pangaea não incluem camadas ocasionais de sedimentos marinhos, que oferecem uma gama diferente de criaturas para ajudar a correlacionar as idades.


Agora, Randall Irmis, um paleontólogo de vertebrados da Universidade de Utah em Salt Lake City e seus colegas usaram datação radioativa de urânio-chumbo para estimar a idade dos que suspeitam ser os primeiros dinossauromorfos. Descobertas em rochas no noroeste da Argentina, anteriormente pensava-se que essas criaturas viveram entre 237 milhões e 247 milhões de anos atrás.



No entanto, a datação por urânio-chumbo — em que os investigadores estimam a idade de uma rocha comparando suas concentrações de urânio radioativo e do chumbo que é gerado por sua decadência radioativa — conta uma história diferente.



ZIRCÕES



Um depósito vulcânico mais jovem situado em camada rochosa acima destes fósseis inclui zircões, que são minúsculos pedaços de mineral de silicato que contêm muitas vezes pequenas quantidades de urânio. Esses zircões se cristalizaram há cerca de 234 milhões de anos, sugerem as análises da equipe. 


E sedimentos mais antigos abaixo dos fósseis contêm zircões que se cristalizaram cerca de 236 milhões anos atrás, disseram na segunda-feira os pesquisadores na publicação “Proceedings of the National Academy of Sciences”. Assim sendo, as criaturas fossilizadas devem ter vivido entre essas duas datas. 


Isso significa que os mais antigos dinossauromorfos conhecidos viveram entre 3 e 5 milhões de anos mais tarde (ou até mais) do que o anteriormente estimado , diz Irmis. E isso, por sua vez, significa que os dinossauros devem ter evoluído mais rapidamente do que se pensava antes.


Ao deslocar a primeira aparição dos primeiros dinossauromorfos em direção ao presente, os resultados sugerem que eles só apareceram após os ecossistemas terem se recuperado das extinções em massa do final do Permiano, diz Paul Olsen, paleontólogo do Lamont-Doherty Earth Observatory, da Universidade de Columbia, em Palisades, Nova York. 



Essas mortandades, que ocorreram cerca de 252 milhões de anos atrás, mataram mais de 90% de todas as espécies na Terra, e seus efeitos ecológicos foram de longa duração.




Fonte: O Globo

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