Pesquisa usou datação por urânio-chumbo para aprimorar modelo evolutivo.
Os dinossauros
evoluíram de seus ancestrais menores em apenas alguns milhões de
anos e não ao longo dos 10 milhões de anos ou mais que os
cientistas suspeitavam, diz um novo estudo.
De acordo com a
“Science/AAAS”, o trabalho, baseado em datação radioativa de
rochas abrangendo os primeiros fósseis desses antecessores, sugere
que os paleontólogos há muito tempo vinham estimando mal o ritmo
global da evolução dos dinossauros.
Os fósseis
analisados no novo estudo estão entre os primeiros de um amplo grupo
de criaturas chamadas dinossauromorfas.
Esse grupo inclui todos os
dinossauros, mas também seus antecessores e descendentes, que tinham
o mesmo aspecto geral do corpo, mas não possuíam as características
anatômicas distintivas em seus ossos do quadril que todos os
verdadeiros dinossauros partilhavam.
PANGEA
Os primeiros
dinossauromorfos conhecidos viveram em partes do antigo
supercontinente Pangea que hoje são a América do Sul e a África
Austral. Mas esses fósseis não são bem datados. Cientistas
estimaram a chegada desses primeiros membros da árvore genealógica
dos dinossauros tentando igualá-los às idades estimadas dos fósseis
de répteis e outros animais que aparecem nas mesmas rochas.
Esta técnica é
conhecida como bioestratigrafia, e é tipicamente muito menos precisa
do que métodos como a datação por urânio-chumbo.
“Há muita
incerteza nas idades dessas pedras”, diz Kenneth Angielczyk, um
paleontólogo de vertebrados no Museu Field de História Natural, em
Chicago, Illinois, que não estava envolvido no novo estudo. Isso é
particularmente verdadeiro porque as rochas de regiões do sul da
Pangaea não incluem camadas ocasionais de sedimentos marinhos, que
oferecem uma gama diferente de criaturas para ajudar a correlacionar
as idades.
Agora, Randall
Irmis, um paleontólogo de vertebrados da Universidade de Utah em
Salt Lake City e seus colegas usaram datação radioativa de
urânio-chumbo para estimar a idade dos que suspeitam ser os
primeiros dinossauromorfos. Descobertas em rochas no noroeste da
Argentina, anteriormente pensava-se que essas criaturas viveram entre
237 milhões e 247 milhões de anos atrás.
No entanto, a
datação por urânio-chumbo — em que os investigadores estimam a
idade de uma rocha comparando suas concentrações de urânio
radioativo e do chumbo que é gerado por sua decadência radioativa —
conta uma história diferente.
ZIRCÕES
Um depósito
vulcânico mais jovem situado em camada rochosa acima destes fósseis
inclui zircões, que são minúsculos pedaços de mineral de silicato
que contêm muitas vezes pequenas quantidades de urânio. Esses
zircões se cristalizaram há cerca de 234 milhões de anos, sugerem
as análises da equipe.
E sedimentos mais antigos abaixo dos fósseis
contêm zircões que se cristalizaram cerca de 236 milhões anos
atrás, disseram na segunda-feira os pesquisadores na publicação
“Proceedings of the National Academy of Sciences”. Assim sendo,
as criaturas fossilizadas devem ter vivido entre essas duas datas.
Isso significa que os mais antigos dinossauromorfos conhecidos
viveram entre 3 e 5 milhões de anos mais tarde (ou até mais) do que
o anteriormente estimado , diz Irmis. E isso, por sua vez, significa
que os dinossauros devem ter evoluído mais rapidamente do que se
pensava antes.
Ao deslocar a
primeira aparição dos primeiros dinossauromorfos em direção ao
presente, os resultados sugerem que eles só apareceram após os
ecossistemas terem se recuperado das extinções em massa do final do
Permiano, diz Paul Olsen, paleontólogo do Lamont-Doherty Earth
Observatory, da Universidade de Columbia, em Palisades, Nova York.
Essas mortandades, que ocorreram cerca de 252 milhões de anos atrás,
mataram mais de 90% de todas as espécies na Terra, e seus efeitos
ecológicos foram de longa duração.
Fonte: O Globo
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