Um novo estudo genético publicado na terça-feira, 15, na revista
científica Cell Research desvendou história da migração dos cães
domésticos pelo mundo. De acordo com a pesquisa, os cães tiveram origem
no sudeste da Ásia, há 33 mil anos. A partir daí, começaram a se
espalhar pelo planeta.
Sob a liderança de Ya-Ping Zhang, da
Academia Chinesa de Ciências, os cientistas sequenciaram os genomas de
58 membros da família dos canídeos, incluindo 12 espécies de lobos, 27
cães primitivos da Ásia e da África e uma coleção de 19 raças de cães de
todo o mundo.
Com base nas análises dos genomas, os cientistas
descobriram que os cães do sudeste da Ásia têm um grau mais alto de
diversidade genética que todos os outros animais estudados - e têm o
parentesco mais próximo com os lobos.
Uma das conclusões da
análise genética é que, há cerca de 33 mil anos, em alguma parte do
sudeste asiático, os cães se diferenciaram geneticamente dos lobos. Há
cerca de 19 mil anos, a última glaciação estava no fim e o recuo das
geleiras permitiu que a nova espécie - o cão doméstico - começasse a se
espalhar por outras áreas do mundo.
O estudo mostra que há cerca
de 15 mil anos um subconjunto dos cães originários do sudeste asiático
começou a migrar em direção ao Oriente Médio e à África. Os autores
acreditam que nessa fase os cães migraram sozinhos, sem participação
humana.
Os cães chegaram à Europa há cerca de 10 mil anos,
segundo o estudo. Mas dessa vez, segundo os autores do estudo, é
provável que a migração tenha ocorrido graças a movimentos de populações
humanas, que teriam levado os cães com elas.
Também há cerca de
10 mil anos, segundo o estudo, uma parte dos cães que havia se
estabelecido no Oriente Médio migrou para a China. Ali, esses grupos
encontraram cães que haviam migrado diretamente do sudeste da Ásia para a
China. Os dois grupos se misturaram.
Em data incerta, o novo
grupo de cães domésticos que se originou na China, de acordo com o
estudo, teria migrado para o Alasca. Os cães começaram então a se
espalhar pelas Américas.
Domesticação de lobos?
Segundo os autores, é provável que a domesticação dos cães tenham sido
um longo processo que teve início com um grupo de lobos que se tornou
vagamente associado aos humanos - possivelmente as duas espécies tiveram
benefícios mútuos na hora de caçar.
A partir daí, longos
processos de cruzamento e uma seleção das características mais
favoráveis gradualmente favoreceram a ligação entre cães e humanos - um
processo conhecido como "autodomesticação".
"Enquanto os cães
estabeleciam laços cada vez mais fortes com os humanos - uma tendência
possivelmente reforçada pela origem da agricultura no Oriente Médio e na
China -, emergia uma forte seleção de genes envolvidos no metabolismo e
na morfologia dos animais", diz o artigo.
"Nosso estudo, pela
primeira vez, começa a revelar uma ampla e complexa paisagem sobre a
qual uma cascata de pressão seletiva ocorreu durante a domesticação dos
cães. O cão doméstico representa uma das mais belas obras genéticas
esculpidas pela natureza e pelo homem", afirmam os autores.
No
estudo, foram analisados os genomas de oito raças europeias de cães,
além de raças da Ásia central (Galgo afegão), do norte da África
(Sloughi), da América (Chihuahua), do Tibete (Mastiff tibetano) e do
Ártico e da Sibéria (Samoieda, Husky siberiano, Laika, Cão da
Groenlândia e Malamute do Alasca).
Fonte: UOL
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