Um estudo científico, baseado em parte em fósseis da jazida
espanhola de Atapuerca, publicado na segunda-feira na revista "Nature
Communications", concluiu que o padrão da face da espécie Homo sapiens é
"único na evolução humana".
O estudo foi realizado por uma
equipe internacional de paleoantropólogos que estudou a evolução do
esqueleto da face humana nos últimos dois milhões de anos.
Os
pesquisadores concluíram que o padrão histológico observado no Homo
sapiens, com amplas áreas de reabsorção óssea na superfície facial, é
único na evolução humana.
O modelo de crescimento do rosto do
Homo erectus, dos neandertais e dos fósseis da Sierra de Atapuerca
segue, por outro lado, um padrão primitivo, em que praticamente só há um
depósito de ossos no rosto, e a reabsorção não existe ou é mínima.
Somente no caso do Homo antecessor, que viveu na Sierra de Atapuerca, o
modelo de crescimento poderia se assemelhar mais ao moderno, mas por
enquanto só há um indivíduo, bastante incompleto, em que é possível
estudar parcialmente a histologia da superfície da face.
Este
trabalho examinou com o microscópio eletrônico a superfície dos ossos do
rosto de indivíduos em processo de desenvolvimento, para distinguir as
áreas em que os ossos são depositados ou absorvidos.
Durante o
desenvolvimento facial do Homo sapiens, os ossos do rosto crescem
principalmente nas áreas onde há depósito de osso. Nas áreas em que
predomina a reabsorção, o crescimento é muito mais limitado.
Essa diferença na dinâmica destes processos faz com que o rosto humano
moderno tenha relevo, seja "esculpido", com maçãs do rosto salientes,
por exemplo, e que seja vertical em vez de se projetar para frente em um
morro, enquanto nos grandes símios só há depósito de ossos, o que faz
com que todo o rosto seja projetado mais uniformemente para a frente
durante o crescimento.
O primeiro autor do trabalho é Rodrigo
Lacruz, espanhol professor da Universidade de Nova York, que comentou
que o estudo permite garantir que os padrões de crescimento facial em
neandertais e humanos da Sima dos Ossos de Atapuerca são muito
diferentes do humano atual.
O diretor científico do Museu da
Evolução Humana de Burgos e codiretor de Atapuerca, Juan Luis Arsuaga
destacou se tratar de uma descoberta "muito relevante", porque confirma
que a espécie humana atual apresenta muitas originalidades, traços
únicos que não se encontram nos neandertais nem nas outras espécies
humanas que existiram.
Fonte: BOL
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