Ilustração da revista Nature mostra o 'Dollocaris', uma espécie de crustáceo primitivo do período Jurássico
Ele
tinha olhos esbugalhados enormes, cobrindo quase um quarto de seu
corpo: o 'Dollocaris', uma espécie de crustáceo primitivo do período
Jurássico, deveria ser um predador formidável para os camarões de seu
tempo, segundo um estudo.
Uma
equipe internacional acaba de reconstituir a estrutura tridimensional
dos olhos deste fóssil com mais de 160 milhões de anos. Ele foi
descoberto em Ardèche (sudeste da França), na Voulte-sur-Rhône, um
depósito famoso por seus fósseis de organismos marinhos.
Os
olhos compostos (com muitas facetas) deste "predador visual"
estão impressionantemente bem conservados, o que permite ver toda sua
estrutura interna, incluindo as células receptoras da retina.
"Nunca
tínhamos visto olhos tão bem fossilizados nos tempos muito antigos",
declarou à AFP Jean Vannier, diretor de pesquisa do CNRS no Laboratório
de Geologia de Lyon (França), que comandou o estudo publicado nesta
terça-feira na revista Nature Communications. Dollocaris faz parte dos Thylacocéphales, um grupo de artrópodes marinhos extintos.
Ele
media de 5 a 20 centímetros de comprimento e podia nadar. Protegido por
uma carapaça, como um caranguejo, ele tinha três pares de apêndices
preênseis que lhe permitiam capturar suas presas.
Mas
em especial o crustáceo tinha olhos compostos hipertrofiados, cada um
com 18.000 facetas, um recorde se desconsiderarmos as libélulas atuais -
que têm mais.
Cada
faceta era prolongada em profundidade por células fotorreceptoras, as
omatídias. Quanto mais numerosas elas são, melhor a resolução.
Graças
a esta visão sofisticada e, provavelmente, muito eficaz, Dollocaris
podia detectar presas, seguir e capturar com os seus três pares de
poderosos apêndices. Ele provavelmente caçada na surdina, como alguns crustáceos de hoje em dia.
Os
pesquisadores também estudaram outros órgãos do animal, com uma técnica
de imagem por raio-x. "Restos de camarão ainda estão presentes no
estômago do pequeno predador", disse Jean Vannier.
"A
visão é uma inovação que revolucionou a relação entre as espécies
animais. Os primeiros olhos compostos aparecem no Cambriano, há 500
milhões de anos", explica.
"Ver
e ser visto mudou a situação. Isto criou uma dinâmica", alguns deviam
se proteger melhor, outros se tornaram mais capazes de detectar melhor
suas presas, "e novas pressões de seleção", observou Vannier.
Os Dollocaris desapareceram no final do período cretáceo como os dinossauros, há cerca de 66 milhões de anos. Mas este tipo de olhos compostos evoluíram independentemente em outras linhagens.
Os artrópodes, animais invertebrados, têm em suas fileiras crustáceos, insetos e aracnídeos, entre outros.
O fóssil do Dollocaris está conservado na coleção da universidade Claude Bernard Lyon 1.
Fonte: Yahoo!
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