Cientistas da Universidade do Chile,
liderados pelo brasileiro João Botelho, manipularam geneticamente o
desenvolvimento de um embrião de galinha para fazer com que o pintinho
nascesse com uma perna típica de um dinossauro.
Apesar da ideia parecer bem assustadora, a explicação científica deixará
a coisa toda mais clara – mas não necessariamente menos assustadora. O
foco está na formação dos ossos da perna da galinha: a fíbula e a tíbia.
O primeiro é um pequeno osso localizado na parte inferior da perna,
enquanto o segundo é o maior osso do membro.
Nos dinossauros, ancestrais das aves que conhecemos hoje, a fíbula é bem
maior e atinge todo a extensão da perna, até o tornozelo.
Durante a
evolução, as aves perderam a extremidade inferior deste osso, que já não
se conecta mais ao tornozelo, sendo bem mais curto do que a tíbia.
Ainda no século XIV, cientistas notaram que embriões de aves
desenvolviam primeiro uma fíbula tubular, parecida com a dos
dinossauros, e apenas depois a tíbia ficava maior do que ela – é aí que
entra a pesquisa de João Botelho.
O brasileiro decidiu estudar o que acontece por trás dessa transformação
e constatou que mecanismos moleculares de maturação estavam ativos
desde muito cedo na extremidade inferior, cessando a divisão celular e o
crescimento do osso. Quando um gene de maturação chamado Indian
Hedgehog foi inibido, os animais passaram a apresentar uma fíbula tão
grande quanto a tíbia e ligada ao tornozelo – assim como a dos
dinossauros.
Os cientistas acreditam que a maturação precoce na extremidade inferior
da fíbula acontece por causa da influência de um osso que fica perto do
tornozelo, o calcâneo. Diferente de outros animais, o calcâneo dos
embriões das aves faz pressão contra a extremidade da fíbula.
Esta é a segunda vez que Botelho está
tentando conseguir uma reversão experimental a um traço de dinossauro em
aves. Anteriormente, ele tinha conseguido desfazer a evolução do dedo
da pata das galinhas que vira para trás na hora de se empoleirar. Na
ocasião, ele também usou modificação genética para produzir aves sem
este tipo de dedo, deixando-os mais parecidos com os dos dinossauros.
No ano passado, o brasileiro também criou uma galinha com "nariz de
dinossauro", alterando o gene de expressão do embrião. Apesar de todas
essas experiências, os cientistas asseguram que não estão tentando
produzir dinossauros.
"Os experimentos estão focados em características individuais, a fim de
testar hipóteses científicas", explica Alexander Vargas, que trabalha no
laboratório com Botelho. "Naturalmente, isto leva a hipóteses sobre a
evolução do desenvolvimento, que pode ser explorada em laboratório",
completou.
De qualquer forma, preferimos manter distância de ilhas isoladas até que
eles parem com essa fissura por recriar partes de dinossauros.
Fonte: Canaltech
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