Asas de pássaros que viveram há 99 milhões de anos foram encontradas
fossilizadas em bom estado e revelaram que as aves já tinham, antes da
extinção dos dinossauros, uma plumagem como a das aves modernas. Elas
foram encontradas em Mianmar e o estudo foi publicado na revista Nature Communications.
"É raríssimo encontrar aves em âmbar, normalmente se encontram apenas
insetos ou pequenos lagartos", diz Juan Carlos Cisneros, paleontólogo e
professor da Universidade Federal do Piauí.
Para quem se lembra
do primeiro filme Jurassic Park, foi graças a um mosquito encontrado em
âmbar que os dinossauros foram trazidos de volta à vida. Por enquanto,
ainda nenhuma ave pré-histórica foi clonada, mas, graças à preservação
da resina de âmbar, a pesquisa pôde detalhar a estrutura óssea, a
plumagem e a pterilose (disposição das penas no corpo da ave). Havia
vestígios até de tecidos moles dos animais, que permitem imaginar o
desenvolvimento das asas em aves jovens naquele período.
O âmbar tem a capacidade de mumificar assim como o gelo. Em alguns casos encontra-se até sangue.
Juan Carlos Cisneros
O tamanho pequeno das asas e o desenvolvimento incompleto dos ossos
sugere que as duas aves estudadas ainda não eram adultas. Mesmo assim,
tinham penas parecidas com os pássaros adultos de hoje, porque, segundo
os autores, os pássaros extintos já saíam do ovo com penas que eram funcionais, diferente do que vemos nas espécies atuais.
No entanto, há algumas diferenças importantes. "Tinham dentes e asas
com garras e um arranjo de ossos diferente na parte do peito e
tornozelos", disse o paleontólogo canadense Ryan McKellar, do Museu Real
de Saskatchewan, ao jornal El País. Fora isso, os pesquisadores afirmam
que há 99 milhões de anos já haviam surgido a maior parte dos tipos de
asas dos pássaros modernos e que tinham até as mesmas cores.
"Saber a cor das penas é muito valioso na descoberta", diz o
paleontólogo salvadorenho radicado no Brasil. Ele conta que na região da
Chapada do Araripe, entre Ceará e Pernambuco, há fósseis de aves do
período Cretáceo, mas que são fósseis não mumificados, ou seja, são uma
impressão deixada na rocha, sem tantos detalhes como as encontradas.
Lida Xing, da Universidade de Geociências da China, McKellar e seus
colegas usaram técnicas de raio-X e tomografia computadorizada para
estudar os fósseis. Comparando com outros, chegaram à conclusão que são
restos de enantiornites, um grupo de aves que conviveram com os
dinossauros e foram extintas junto com eles no final do Cretáceo,
período que durou mais ou menos de 145,5 milhões a 65,5 milhões de anos
atrás.
Aves são descendentes dos dinossauros
Segundo
Cisneros, já é consenso que as aves atuais são descendentes diretas dos
dinossauros - muitos dos quais tinham penas. As aves encontradas no
estudo eram pequenas e menores do que os dinossauros.
Anteriormente, o conhecimento sobre as asas e penas dos pássaros do
Cretáceo vinham de fósseis bidimensionais (compressões carbonizadas) e
de penas individuais preservadas em âmbar. Portanto, a descoberta desses
fósseis traz mais informações por serem tridimensionais.
Um
grande depósito de âmbar (resina das árvores que se solidificou ao longo
do tempo) de meados do período Cretáceo no nordeste de Mianmar é um dos
mais prolíficos e mais bem estudados por causa dos fósseis preservados
de artrópodes e plantas, mas o trabalho com plumagens só começou agora.
Fonte: BOL
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