Treze pés de cannabis sativa em extraordinário estado de conservação
foram recentemente descobertas por uma equipe de arqueólogos em um
túmulo de mais de 2.000 anos na cidade chinesa de Turpan (noroeste), na
antiga Rota da Seda, conforme publicou em seu último número a revista
científica "Economic Botany".
A descoberta, por parte de uma equipe comandada pelo arqueólogo da
estatal Academia Chinesa de Ciências Sociais Jiang Hongen, é um achado
"único", destacaram os especialistas.
"As novas evidências ampliam nosso conhecimento sobre como as antigas
culturas eurasiáticas utilizavam a planta em rituais e com usos
medicinais", acrescentaram os descobridores, entre eles Robert Clark, da
Associação Internacional do Cânhamo.
As plantas foram encontradas no túmulo de um adulto de 35 anos com
aspecto caucásico, que foi enterrado na região onde fica o atual oásis
de Turpan, em um leito de madeira com um travesseiro de esteiras sob sua
cabeça.
As plantas, cada uma com cerca de um metro de extensão, foram colocadas
diagonalmente sobre o peito do morto, com as raízes apontando para sua
pélvis e a parte superior das plantas colocada sob seu queixo.
Os testes de carbono indicam que o túmulo, cuja descoberta foi também
noticiada pela revista "National Geographic", poderia ter entre 2.400 e
2.800 anos de antiguidade.
Segundo Jiang, a descoberta dá força a evidências anteriores que
sugerem que o consumo de cannabis (também conhecido como maconha ou
haxixe) foi "muito popular" nas estepes eurasiáticas há milhares de
anos.
O túmulo é um dos 240 escavados no cemitério de Jiayi de Turpan, e
acredita-se que pertenceu à chamada cultura Subeixi, conhecida também
como reino Gushi, que ocupou a região há 2.000 ou 3.000 anos.
Nessa época, o oásis já devia ser um importante local de quebra na Rota
da Seda, durante séculos principal artéria comercial entre Oriente e
Ocidente.
Outros túmulos encontrados na região há uma década também mostraram
evidências do uso de cannabis, embora em forma de sementes ou folhas
pulverizadas, e esta é a primeira vez que foram encontradas plantas
inteiras na região.
Ainda não se pode confirmar, no entanto, se o principal uso da planta na
região era medicinal, alimentício, psicoativo ou como fibra têxtil,
embora esta última possibilidade seja pouco provável, já que não foram
encontradas roupas ou cordas de cânhamo.
Fonte: Terra
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