sábado, 31 de janeiro de 2009

Besouros se tornam predadores para comer, diz estudo

Besouros podem desenvolver técnicas predatórias criando armadilhas para abocanhar suas presas


Dado o grande número de animais que circulam pelas florestas, o besouro de esterco médio normalmente não encontra escassez de alimento. Afinal, deve existir esterco suficiente para todos, não? Não.

Pelo menos, nas florestas tropicais das terras baixas peruanas, onde a competição por alimentos aparentemente conduziu à evolução de uma variedade de besouro de esterco que não se alimenta de esterco, e sim de centopéias vivas.

Trond Larsen, da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, especialista em ecologia tropical que estuda os besouros de esterco para melhor compreender a diversidade da espécie, descobriu o comportamento dessa variedade, conhecida como Deltochilum valgum, por meio do uso de armadilhas com iscas.

Enquanto os demais besouros de esterco da área foram observados se alimentando de invertebrados mortos, entre os quais centopéias, o D. valgum tendia a preferir animais vivos, e não demonstrava interesse pelo esterco. Larsen e seus colegas descreveram suas constatações em artigo para a revista Biology Letters.

O D. valgum mata de maneira bastante deselegante, usando partes de sua cabeça como alavanca para despedaçar sua presa.

"O que eu vejo de mais surpreendente nessa espécie é que é ela seja capaz de matar centopéias, de qualquer maneira que seja", escreveu Larsen através de um e-mail.

"Os besouros de esterco não dispõem de quaisquer porções agressivas em suas bocas, ao contrário do que acontece com a maioria dos organismos predatórios.

Assim, a espécie basicamente desenvolveu um método de matar bastante tosco, baseado nas únicas ferramentas de que dispunha".

Morfologicamente, a cabeça do D. valgum não difere radicalmente das cabeças dos animais de espécies relacionadas.

Larsen afirma que isso sugere que o comportamento predatório desse besouro pode ter evoluído rapidamente como resultado da competição por alimentos.

Larsen está investigando para determinar se outros besouros do esterco se tornaram predadores de centopéias.

"Eu acredito que, na verdade, tenha existido uma irradiação de espécies de besouros de esterco que se adaptaram e adquiriram a capacidade de matar centopéias. E que esse espantoso fenômeno tenha passado despercebido até recentemente", escreveu.


Fonte: Terra

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