O manuscrito foi encontrado durante uma batida policial contra supostos contrabandistas de antiguidades.
Autoridades do norte de Chipre acreditam terem encontrado uma antiga versão da Bíblia escrita em siríaco, um dialeto da língua nativa de Jesus.
O manuscrito foi encontrado durante uma batida policial contra supostos contrabandistas de antiguidades. A polícia turco-cipriota afirmou acreditar que o manuscrito possa ter dois mil anos de idade.
O objeto contém trechos da Bíblia escritos em letras douradas sobre velinos atados precariamente, segundo as fotos fornecidas à Reuters. Uma página traz o desenho de uma árvore, e outra oito linhas de escrita siríaca.
Entretanto, especialistas estão divididos quanto à proveniência do manuscrito e sobre este ser autêntico, o que o tornaria inestimável, ou uma fraude.
Eles dizem que o uso de letras douradas no manuscrito torna provável que tenha menos de dois mil anos.
"Creio ser mais provável que tenha menos de mil anos", disse à Reuters Peter Williams, da Universidade de Cambridge e grande perito no assunto.
Autoridades turco-cipriotas se apossaram da relíquia na semana passada e nove indivíduos estão sob custódia, aguardando maiores investigações. Mais pessoas ligadas ao achado estão sendo procuradas.
As investigações ainda descobriram uma estátua de orações e um entalhe em madeira de Jesus que se acredita pertencer a uma igreja no norte, de domínio turco, assim como dinamite.
A polícia acusou os detidos por contrabando de antiguidades, escavação ilegal e posse de explosivos.
O siríaco é um dialeto do aramaico, a língua nativa de Jesus, outrora falado em boa parte do Oriente Médio e da Ásia Central.
Ele é usado por cristãos sírios e continua em uso na Igreja Ortodoxa Síria de Chipre, enquanto o aramaico ainda é utilizado em rituais religiosos de cristão maronitas no Chipre.
"Uma fonte muito provável do manuscrito pode ser a área de Tur-Abdin, na Turquia, onde ainda existe uma comunidade que fala o cirílico", disse à Reuters Charlotte Roueche, professora de Antigos Estudos Latinos e Bizantinos no King's College, de Londres.
Após uma análise mais aprofundada de fotos do manuscrito, JF Coakley, especialista em manuscritos da Universidade de Cambridge e membro do Wolfson College, insinuou que o livro pode ter sido escrito bem mais tarde.
"Baseado em uma única foto, algumas palavras pelo menos parecem estar em siríaco moderno, uma língua que não foi posta no papel até a metade do século 19", disse ele à Reuters.
Fonte: Estadão
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