Uma nova espécie de peixe Antártico, "Gosztonyia antártica ", foi localizado a 615 metros de profundidade no Mar de Bellingshausen no Oceano Antártico, uma área não explorada desde 1904 e onde a fauna é completamente desconhecida.
Jesus Matallanas, o pesquisador espanhol responsável pela descoberta, recolheu quatro exemplares da nova espécie durante as campanhas do Instituto Espanhol de Oceanografia (IEO), no verão antártico de 2003 e 2006.
O estudo da biodiversidade no Mar de Bellingshausen foi "sistematicamente ignorado pelos projetos internacionais, porque é um mar bastante inacessível e o seu fundo não foi mapeado", diz Matallanas, o autor principal do estudo e investigador da Universidade Autônoma de Barcelona (UAB) .
O trabalho, publicado na revista "Polar Biology", baseia-se nas campanhas Bentart-03 e Bentart-06 do IEO, que Matallanas participou como especialista em taxonomia de peixes antárticos.
Se trata de um estudo taxonômico destes espécimes zoárcidos (grupo de peixes dominantes no talude continental dos mares boreais que compreende cerca de 240 espécies) capturados no Mar de Bellingshausen.
"Um dos resultados mais relevantes é que a ictiofauna do Mar de Bellingshausen, ao contrário do que se pensava até agora, apresenta uma afinidade maior com a da região Antártica Oriental do que com a Ocidental ", diz o pesquisador.
Anatomia com características exclusivas
Outro achado importante é que "ao contrário de outros mares do Oceano Antártico, no de Bellingshausen, os zoárcidos são o grupo de peixes dominantes abaixo de 550 metros de profundidade", acrescentou o zoólogo.
Antes de confirmar a descoberta de uma nova espécie, ou seja, o "Gosztonyia antártica", que pertence a um grupo com grande distribuição, o pesquisador realizou uma revisão global de todos os artigos publicados até o momento.
A nova espécie pertence a um gênero também novo, que tem afinidades com diversos gêneros da Patagônia, e seu nome, Gosztonyia, é um reconhecimento a Atila Esteban Gosztonyi, grande especialista na sistemática de zoárcidos, que descreveu vários novos gêneros endêmicos da região Magallanica. O nome específico, antártica, refere-se ao local de captura de espécies do tipo: a Região Antártica.
Os espécimes medem entre 25,4 e 30 centímetros, são anguiliformes e "seu crânio apresenta muitas caracteristicas anatomicas exclusivas ", diz o cientista. Todas as amostras estão conservadas em álcool 70% na UAB. Desde a expedição do navio Bélgica, que obteve apenas dois exemplares dos peixes, em 1904, ninguém pescou neste mar, embora tenham incluído a sua fauna, "sem justificativa" na Antártida Ocidental.
Fonte: El Mundo
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