Uma batalha que já dura décadas contra espécies invasivas de formigas vermelhas, no sul dos Estados Unidos, pode estar perto de uma solução vitoriosa, graças a uma pequena mosca de capacidades assustadores.
As formigas vermelhas são odiadas por quase todo mundo, porque mordem os pés das pessoas, matam filhotes de passarinhos, causam curto-circuitos em instalações elétricas e conseguem superar as espécies locais de formigas na competição pela sobrevivência.
Mas por mais devastadoras que essas formigas possam ser, encontram sérios adversários nas moscas forídeas parasitóides.
Presentes em largos números na América do Sul, a origem das formigas vermelhas, as fêmeas das moscas forídeas injetam seus ovos nas formigas.
O ovo se desenvolve na forma de um verme que parece capaz de controlar o comportamento da formiga.
O verme "dirige" a formiga a um lugar úmido e dotado de folhas - as larvas das moscas forídeas são vulneráveis a ressecamento, e a uma distância segura de outras formigas vermelhas.
A larva em seguida come o cérebro da formiga hospedeira, o que faz com que sua cabeça caia, e depois termina por se "desovar" do espaço oco que criou na cabeça da formiga, cerca de 40 dias mais tarde.
"Não só a mosca está decapitando a formiga mas fazendo dela um zumbi", disse Sanford Porter, entomologista e pesquisador do Serviço de Pesquisa Agrícola no Departamento da Agricultura dos Estados Unidos.
Combatendo as formigas com moscas
Desde 1997, pesquisadores vêm importando e liberando no ambiente diversas espécies de moscas forídeas, no Texas e na Flórida, que estão entre as áreas mais atingidas.
Os especialistas afirmam que por fim o número de moscas está chegando a uma massa crítica, e elas podem começar a operar na prática de uma maneira que controle as populações de formigas vermelhas.
Espécies anteriormente utilizadas para esse tipo de trabalho atacavam os formigueiros. Mas este ano os cientistas estão planejando liberar no ambiente uma espécie de mosca forídea que ataca as formigas vermelhas em suas trilhas de coleta de alimentos - o que significa que, se tudo correr bem, as formigas estarão vulneráveis diante das moscas forídeas tanto nos formigueiros quanto nas trilhas.
"Quanto mais espécies de moscas forídeas tivermos, melhor", disse o entomologista Scott Ludwig, do AgriLife, o serviço de extensão educacional da Universidade Texas A&M.
Guerra sem trégua
Rob Plowes, pesquisador associado na Universidade do Texas, diz que as formigas vermelhas primeiro emigraram da Argentina para Mobile, Alabama, por volta da década de 30, provavelmente em um navio que transportava produtos agrícolas. Depois, elas começaram a se expandir e atingiram o Texas nos anos 50.
"A difusão delas ainda continua", afirmou Plowes, acrescentando que existe "uma história imensa de esforços de remoção das formigas, que variam de remoção física a pesticidas e, mais recente, controle biológico".
Ainda que uma espécie de moscas forídeas não conseguisse se estabelecer, duas outras se expandiram para cobrir cerca de metade do território que as formigas vermelhas penetram nos Estados Unidos, e provavelmente avançarão pelo restante do caminho nos próximos anos, de acordo com Porter.
Ludwig e seus colegas liberaram a espécie de mosca forídea que ataca formigas, a Pseudacteon obtusus, no ano passado no sul do Texas, mas a espécie não se espalhou.
Este ano, os pesquisadores liberarão a P. obtusis em dois novos locais - um deles próximo ao ponto em que outras espécies foram liberadas anteriormente no sul do Texas, para que, no futuro, o alcance dessas espécies se sobreponha, o que resultaria em múltiplo ataque às formigas vermelhas.
O segundo grupo será liberado no leste do Texas, onde ainda não foram liberadas moscas forídeas. O leste do Texas é mais úmido que o sul do Estado, o que o torna mais propício à sobrevivência das moscas forídeas, antecipam os pesquisadores.
Além das moscas forídeas, diversos laboratórios estão trabalhando para desenvolver fungos e vírus que afetam as formigas vermelhas -possivelmente distribuídos por meio de ovos de moscas forídeas. "Vai ser necessária uma comunidade de agentes naturais para controlá-las", disse Porter.
Fonte: Terra
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