Análise de crânio de 54 milhões de anos indica que primatas primitivos tinham cérebro reduzido e visão pouco desenvolvida, baseando-se mais no olfato (divulgação)
Um crânio fossilizado encontrado no Wyoming, nos Estados Unidos, pertencente a uma ordem de primatas primitivos que viveram entre o período dos dinossauros e dos primeiros ancestrais do homem, revelou que estes primatas tinham um cérebro minúsculo e usavam mais o olfato do que a visão. A descoberta surgiu a partir do um estudo feito por pesquisadores do Canadá e dos Estados Unidos, que modelaram em computador o cérebro do primata que viveu há cerca de 54 milhões de anos.
Conhecidos como 'plesiadapiformes', esses primatas evoluíram entre os 10 milhões de anos seguintes à extinção dos dinossauros e o surgimento dos primeiros ancestrais conhecidos dos primatas modernos. Eram mamíferos pequenos. O crânio tem um pouco menos de 4 centímetros de comprimento e sua análise contradiz conceitos a respeito da estrutura e da evolução do cérebro dos primatas.
- A maioria das explanações a respeito da evolução do cérebro dos primatas é baseada em dados de primatas existentes atualmente. Foram feitas muitas inferências sobre como seriam os cérebros dos primeiros primatas e, agora, podemos ver que a maior parte delas estava errada -disse Mary Silcox, da Universidade de Winnipeg, no Canadá, um dos autores do estudo.
Os cientistas fizeram mais de 1,2 mil imagens em tomografia de raio X de alta resolução de cortes do crânio, que foram combinadas para a produção de um modelo tridimensional de como teria sido o cérebro.
- Um cérebro grande e complexo tem sido há muito tempo considerado um dos pontos principais que distingue os primatas do restante dos mamíferos. Mas o fato é que em nosso humilde início não éramos assim tão especiais. A formação de um cérebro complexo foi um processo que levou dezenas de milhões de anos - disse Jonathan Bloch, do Museu de História Natural da Flórida, outro autor do estudo.
O animal analisado, da espécie Ignacius graybullianus, representa uma ramificação paralela na árvore da vida dos primatas.
- Podemos pensar nele como um primo da linhagem principal que ultimamente daria origem ao homem moderno - disse Bloch.
O primata primitivo se comportava, de muitas formas, como alguns dos atuais, mas com um cérebro muito menor do que os mais reduzidos existentes atualmente. Isso implicaria, segundo a pesquisa, que características como subir em árvores ou ingerir frutos, que já estavam presentes no Ignatius graybullianus, podem ser eliminadas como causas potenciais para a evolução rumo a cérebros maiores.
O modelo aponta uma combinação de características que, de acordo com os autores do estudo, obriga a repensar a evolução do cérebro dos primatas. Hipóteses sobre esse processo geralmente relacionam o olfato aguçado com a alimentação noturna de insetos e um mais recente desenvolvimento visual com a ingestão de frutos de árvores. Mas o primata em questão se alimentava de frutos e se baseava muito mais no olfato.
Fonte: JB
Nenhum comentário:
Postar um comentário