quinta-feira, 25 de junho de 2009

"Fóssil vivo" no Chile lança luz sobre a evolução dos mamíferos


O estudo do monito del monte, um mamífero marsupial que vive agora apenas no sul do Chile e é considerado um "fóssil vivo", permitiu a um grupo de cientistas da Universidade Austral do Chile lançar luz sobre a evolução dos mamíferos.

Os resultados da investigação, publicada no Journal of Experimental Biology, mostram algumas etapas intermediárias do processo evolutivo dos mamíferos, que gradualmente, se completou a 30 milhões de anos atrás.

"Os resultados mostram que o monito del monte ocupa uma posição intermediária entre os répteis e mamíferos, porque não regula muito bem a temperatura, uma característica própria dos répteis primitivos, com processos mais rudimentares", disse o professor Roberto Nespolo, diretor do Instituto de Ecologia e Evolução da Universidade Austral a agência EFE.

Segundo Nespolo, o monito é o único representante vivo da ordem dos mamíferos Microbiotheria, já que o restante da mesma espécie é conhecido apenas pelos fósseis.

Os cientistas aproveitaram o mamífero primitivo, que carrega as características genéticas de 50 milhões de anos atrás, para saber a origem da capacidade de manter e regular a temperatura nos mamíferos, uma capacidade que atualmente possuem os animais como aves ou os seres humanos.

Neste sentido, o animal pode sofrer mudanças de temperatura interna de 10 graus Celsius em um dia, enquanto que o ser humano não varia de um grau, o que coloca a vida do animal, à mercê das alterações climáticas.

A equipe de Nespolo capturou trinta exemplares nas árvores e os levou para seus laboratórios, onde foram analisadas com diferentes estímulos externos.

"O estudo permitiu estudar em um animal vivo processos muito antigos", diz Nespolo, que adverte para o perigo de extinção deste mamífero, que ele define como " um réptil com pelo."

O monito del Monte, também conhecido como cão chumaihuén, faz parte da mitologia e superstições locais, e afirmam que vê-los ou tê-los em casa pode trazer azar.

No entanto, a tradição diz também que dá boa sorte ouvir o seus fracos gritos, semelhantes aos de cachorrinhos recém-nascidos e as crenças camponesas o consideram "um rato nascido de um ovo de galinha chocado por uma cobra."

A espécie, encontrada nas selvas do sul do Chile, pode ter vindo da Austrália para a América através da Antártica, quando os dois continentes estavam unidos.


Fonte: Terra Chile

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