segunda-feira, 6 de julho de 2009

O segredo da regeneração das salamandras


As suas células conservam a memória do tecido regenerativo. O achado poderia ser útil para o tratamento de pacientes humanos.

Um dos mistérios da natureza, que têm despertado o maior interesse, de Aristóteles a Darwin, através de Voltaire, é a capacidade das salamandras de regenerar seus membros.

Agora, pesquisadores americanos e alemães, sob a batuta de Martin Kragl (Instituto Max Planck da Alemanha), revelaram o enigmático processo celular que ocorre nos seus organismos.

Até agora, se pensava que esta capacidade das salamandras se devia as suas
células mães, que eram tão pluripotenciais como as embrionárias humanas e poderiam se transformar em qualquer tipo de tecido ou órgão.

A nova pesquisa, publicada na "Nature", revela que as suas células conservam a memória e se regeneram, salvo algumas exceções, no mesmo tipo de tecido de origem, ou seja, as de cartilagem regeneram cartilagem, as de músculo, músculos e as nervosas, neurônios.

Ou seja, o mesmo mecanismo das células mãe adultas humanas, que podem curar feridas e unir ossos quebrados, mas levado ao extremo, que é a regeneração de um membro ou órgão completo.

Malcolm Maden, co-autor da Universidade da Flórida, diz que estes resultados dão mais esperança de que um dia seremos capazes de regenerar tecidos individuais nas pessoas e curar sem cicatrizes. "

De fato, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos tem apoiado investigações sobre este animal, na esperança de encontrar uma solução para os soldados amputados no Iraque ou no Afeganistão.


O núcleo do axolotl



Para descobrir os segredos celulares deste pequeno anfíbio, Kragl e sua equipe utilizaram salamandras Axolotls ( 'Ambystoma mexicanum), uma espécie que vive em um lago mexicano que é fácil de se reproduzir em cativeiro e com grande embriões para estudo.

Quando um axolotl, que pode viver até 12 anos, perde uma perna, um coto chamado blastema é formado sobre a lesão. Em três semanas, tem uma nova perna.

Karlg e seus colegas utilizaram uma proteína, a GFP, que modifica as células para torná-los visíveis em um verde fluorescente sob luz ultravioleta.

Esta proteína permite aos cientistas que acompanhem as células modificadas de sua origem ao seu destino.

Neste caso, utilizaram Axolotls embrionários e adultos. Nos primeiros, injetaram as células com GFP que sabiam que se tornariam partes do corpo, principalmente células nervosas, o que lhes permitiu comprovar como o tecido nervoso é gerado.

No caso dos adultos, os órgãos e tecidos enxertados foram tirados de Axolotls transgênicos e cortaram parte desse tecido enxertado para examinar a sua regeneração.

A conclusão foi de que cada tipo de célula regenera um tecido distinto, exceto no caso das células da pele e cartilagem, que as vezes mudam suas funções.

"Depois de entendermos como as salamandras se regeneram, poderemos saber por que razão os mamíferos não o fazem, o que pode ser útil para o tratamento do cérebro humano e outras doenças", diz Maden.


Fonte: El Mundo

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