sábado, 26 de setembro de 2009

Antenas são o GPS das borboletas migratórias, mostra estudo

Borboletas monarca, que migram para o México durante o inverno


Com as antenas pintadas de preto, borboletas monarca perdem o caminho em sua viagem para o sul.

Milhões de borboletas monarca migram dos EUA para o México durante o inverno do hemisfério norte, e os cientistas especulam há tempos sobre como os insetos acham o caminho. Um novo estudo indica que a chave está nas antenas.

Como foi feita a descoberta? Cientistas pintaram as antenas de algumas borboletas de preto, e essas se perderam.

Ser capaz de voar para o sul pode não parecer grande coisa para pessoas que têm acesso a mapas e receptores de GPS, mas as borboletas só contam o sol para navegar.

E o sol não para de se mover, o que significa que os insetos têm de ajustar a navegação constantemente para manter o curso.

Como a maioria dos animais, as monarcas têm o chamado relógio circadiano no cérebro, que ajuda a estimar qual a hora do dia. Saber a hora e a posição do sol no céu permite encontrar o sul.

Mas as borboletas têm um segundo relógio, baseado nas antenas, que também detecta luz, diz o novo estudo, encabeçado pelo médico Steven M. Reppert, catedrático de neurobiologia da Escola de Medicina da Universidade de Massachusetts.

"O que quer que possamos aprender sobre esse inseto... vai nos ensinar algo sobre como o nosso cérebro funciona", disse Reppert, que estuda os relógios biológicos no cérebro de animais, incluindo seres humanos.

Pesquisadores imaginavam que a navegação ocorria no cérebro das borboletas, mas o experimento mostrou que o cérebro e as antenas têm, cada um, um relógio circadiano próprio, e que esses relógios atuam em conjunto.

O teste foi feito segurando as borboletas delicadamente pelas asas e mergulhando suas antenas num esmalte.

As que tiveram as antenas esmaltadas em preto perderam a noção do sul; as que receberam esmalte transparente conseguiram navegar sem problemas.

Isso não só mostrou que as antenas ajudam a navegar, mas também que o olfato não faz parte do mecanismo de orientação, já que os dois tipos de esmalte bloqueiam esse sentido.

Charalambos P. Kyriacou, da Universidade de Leicester, na Inglaterra, disse que o experimento indica que as antenas funcionam como um tipo de GPS dos insetos.

"O relógio da antena parece desautorizar todo sinal do relógio do cérebro, quando o assunto é navegação", disse Kyriacou, que não tomou parte na pesquisa.


Fonte: Estadão

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