segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Um terço das águias jovens morre na primeira migração pelo Saara

Águia-pescadora


Ninguém jamais disse que migrar 2.000 milhas (3.200 km) pelo ar, duas vezes por ano, era fácil. Porém, poucos estudos detalhados foram conduzidos sobre precisamente o quão difícil pode ser a migração dos pássaros.

Isso ocorre porque pássaros são difíceis de acompanhar; as técnicas convencionais, como a marcação individual, trazem apenas informações limitadas sobre suas viagens.

Mas a tecnologia chegou para ajudar, na forma de pequenos identificadores por satélite. As plaquetas que podem captar dados de GPS e transmiti-los a um satélite estão se tornando tão minúsculas --as menores chegam a pesar menos de 10 gramas, com a bateria-- que agora podem ser presas a pássaros grandes para rastrear sua viagem por longas distâncias.

Cientistas da Suécia fizeram isso, e obtiveram algumas valiosas informações sobre como aves de rapina lidam com a migração através do deserto do Saara, entre a Suécia e a África Ocidental, na primavera e no outono. Para resumir, trata-se de uma tornada muito dura.

Roine Strandberg e Raymond H.G. Klaassen, da Universidade Lund, e colegas acompanharam 90 voos através do Saara por águias-pescadoras, tartaranhões-apívoros e outras aves de rapina.


Tartaranhão-apívoro


Conforme relatado na "Biology Letters", a distância média viajada de uma ponta à outra do deserto foi de aproximadamente mil milhas. O tempo médio de viagem foi de seis dias e meio.

Os pesquisadores descobriram que, em 40% dos voos, havia evidências de comportamentos estranhos --os pássaros desaceleravam, paravam durante uma hora ou mais, mudavam de curso ou, em alguns casos, faziam meia-volta e se dirigiam ao ponto de partida.

Os pesquisadores sugerem que fortes ventos contrários e tempestades de poeira tenham sido os responsáveis.

Também ocorriam mortes, especialmente entre os jovens. Cerca de um em cada três pássaros jovens morreram em sua primeira viagem.

"Esse é um número muito mais alto do que esperávamos", disse Klaassen.

A mortalidade adulta era de apenas 2%, segundo os pesquisadores, mas os adultos enfrentaram um problema diferente: os que eram atrasados pelo clima tinham menos sucesso na reprodução do que aqueles que chegaram ao ninho no tempo correto.

"Eles só têm um verão bom se conseguem realizar a travessia em apenas uma tentativa", explicou Klaassen. "Quando precisam parar ou fazer meia-volta, há grandes riscos de que não atingirão o sucesso na reprodução".


Fonte: Folha Online



Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...