terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Chimpanzés altruístas adotam filhotes órfãos

A pesquisa observou casos de chimpanzés órfãos que foram adotados por outros exemplares da espécie


Um novo estudo sugere que os chimpanzés (Pan troglodytes) podem ter gestos altruístas da mesma forma que os seres humanos.

A pesquisa, realizada pelo Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva, na Alemanha, observou os casos de 18 chimpanzés órfãos que foram adotados por outros exemplares da espécie, sem que estes estivessem interessados em algum retorno benéfico para si mesmos. As informações são do site científico Live Science.

Os exemplares com inspiração paternal, tanto masculinos quanto femininos, foram descobertos na floresta de Tai, na Costa do Marfim.

"Eu não sei de outros casos de órfãos independentes sendo adotados", disse Christophe Boesch, responsável pela pesquisa.

Ele contou que os jovens chimpanzés perderam os pais biológicos por causa de predadores e lesões, entre outras.

Até agora, parte dos cientistas acreditava que o altruísmo - ou a prática de um comportamento cooperativo com outro sem qualquer retorno como interesse - era estritamente uma característica humana.

Em estudos com chimpanzés em cativeiro, parentes vivos mais próximos dos seres humanos, exemplos de abnegados são raros.

Os indícios de altruísmo registrados pela pesquisa do Instituto Max Planck também foram identificados por outros estudos quando chimpanzés selvagens, muitas vezes, repartiam o alimento e, até mesmo a carne (recurso muito valioso).

Enquanto alguns especialistas defendem que esta seria uma prova de desprendimento sem interesses, outros acreditam que a partilha de comida poderia ser um comportamento "olho-no-olho" e que não há como provar que haverão relações recíprocas no futuro entre os exemplares.

No entanto, a adoção parece um caso mais forte de filantropia, uma vez que os pais adotivos não parecem querer qualquer recompensa imediata e, provavelmente, poderiam sobreviver por conta própria com facilidade, sem um filhote para cuidar, de acordo com os pesquisadores.

"Algumas adoções de crianças órfãs por adultos independentes durou anos e implica grandes cuidados infantis", disse Boesch.

"Isso inclui ser permanentemente associado ao órfão à espera de que, durante a criação, seja fornecida proteção em conflitos e compartilhamento de comida", explicou.

Outro aspecto notável da descoberta é que metade dos pais adotivos no estudo eram do sexo masculino, mesmo que o domínio em situações normais seja das fêmeas.

"O que realmente me surpreendeu é ver que alguns desses machos iam muito longe na adoção do papel maternal, carregando o filhote nas costas, partilhando o espaço no ninho, ajudando a subir em árvores, realmente se importando muito", afirmou Boesch. "Normalmente, as mães fazem isso, não os machos", completou.

Um palpite para o porquê do altruísmo parecer raro em cativeiro, segundo Boesch, é que simplesmente não há tanta necessidade para sê-lo - geralmente há comida suficiente e segurança para todos.

Porém, na selva, em especial na floresta de Tai, a sobrevivência é mais complicada porque os chimpanzés precisam conviver com seu feroz predador, o leopardo, e escassos recursos alimentares. Essa situação difícil pode ter inspirado a solidariedade e a cooperação do grupo para sobreviver.


Fonte: Terra


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