Pesquisador descobre espécies raras no vale.
O Vale do Peruaçu é reconhecidamente, uma rica região em biodiversidade ao Norte de Minas Gerais.
Foi neste cenário que o pesquisador e biólogo Mauro Teixeira Júnior resolveu debruçar o seu olhar, depois de avistar em uma viagem de lazer, o lagarto Enyalius pictus (espécie até então só encontrada na Mata Atlântica).
Projeto de mestrado pela USP elaborado, o pesquisador partiu a campo para fazer um levantamento inédito dos lagartos do Vale do Peruaçu, que inclui seus hábitos alimentares, relações com o clima, períodos de reprodução, entre outros dados relevantes.
Depois de dois anos de pesquisa, o resultado é surpreendente. Teixeira recolheu informações sobre a fauna da chamada mata seca, bioma caracterizado por florestas sobre solo calcário que perdem a folha durante o período anual de estiagem.
E, para começar, deu de cara com a Stenocercus quinarius, espécie considerada rara até então.
E não foi só isso: ela existia em abundância por lá. “Só no primeiro dia de coleta, capturamos 20 lagartos dessa espécie”, disse. Até então, na literatura especializada, só havia o registro de oito exemplares.
Além disso, lagartos do gênero Phylopezus, considerados pela literatura como de hábitos noturnos, foram encontrados ao Sol, derrubando algumas máximas.
E também exemplares do gênero Mabuya, que os pesquisadores acreditavam ser terrícula (que só vive no solo), mas foram achados sobre as árvores.
Para descobrir tal façanha, o método utilizado por Teixeira também foi curioso: para traçar o trajeto desses animais, ele amarrou uma linha no dorso de exemplares capturados e os libertou.
“Encontramos linhas passando sobre árvores, o que indicou que os Mabuya sobem na vegetação”, disse.
Segundo o pesquisador, o sistema locomotor desse grupo não parece ser adaptado para escalar as plantas, o que torna a sua descoberta mais intrigante.
Não bastassem essas constatações, o biólogo resolveu focar no lagarto que o fez iniciar esses estudos. Por isso mesmo, o Enyalius mereceu uma atenção maior.
Como os exemplares do Norte de Minas apresentaram algumas diferenças morfológicas em relação aos da vegetação litorânea, Teixeira crê estar diante de uma nova espécie.
Agora pretende fazer um exame de DNA para comparar os grupos e confirmar (ou não) as suas suspeitas.
Fonte: EPTV
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