terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Obras de duplicação da BR 101 revelam acervo arqueológico pré-histórico no Nordeste

Equipe trabalha no salvamento de um sitio arqueológico Tupiguarani, na Paraíba


As obras de duplicação da BR 101 estão revelando um acervo arqueológico surpreendente no Nordeste.

Desde o início das escavações, em 2005, entre os Estados de Sergipe e Rio Grande do Norte, já foram localizados 165 sítios históricos e pré-históricos, além de outras 10 ocorrências arqueológicas.

Entre o material encontrado no Nordeste estão vestígios de tribos, vilas e peças produzidas por índios que viveram na região antes e depois da chegada dos portugueses ao Brasil, em 1500.

Todo o material histórico é coletado e posteriormente analisado pelo Laboratório de Arqueologia da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco).

Desde 2002, uma portaria do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) inclui a necessidade de uma licença arqueológica antes de qualquer obra de grande porte, como é o caso da duplicação da rodovia federal.

A catalogação dos dados já foi concluída no trecho que vai de Natal (RN) a Palmares (PE), faltando ainda a análise dos dados. Já em Alagoas e Sergipe, a fase de coletas teve início em dezembro de 2009, enquanto a busca na Bahia deve começar nos próximos meses.

Pernambuco é o Estado com maior número de achados arqueológicos: foram 101 sítios encontrados. Na Paraíba, foram 25 registros, o mesmo número de Alagoas, que ainda está em fase inicial de coleta de material.

O Rio Grande do Norte teve 16 sítios encontrados, enquanto Sergipe registrou, até agora, oito sítios com ocorrências arqueológicas.

“Todos os achados são extremamente relevantes, pois sempre trazem algo de novo para o conhecimento de grupos que viveram no passado, sejam eles anteriores ao descobrimento do Brasil ou posteriores”, explicou o professor da UFPE e coordenador geral da pesquisa arqueológica da BR 101 no trecho RN-BA, Marcos Albuquerque.

O professor explica que todo o material é encontrado antes que as máquinas iniciem as obras. Segundo ele, os sítios arqueológicos encontrados são divididos por período: pré-histórico (antes do descobrimento do Brasil) e histórico (que vão do descobrimento até o século 20).



Albuquerque conta que os achados apontam para tribos indígenas com características próprias e que viveram na região há séculos.

“Os sítios pré-históricos encontrados são de grupos de agricultores da tradição cultural Tupiguarani.

Estes grupos tinham na mandioca seu alimento básico e produziam cerâmica. Já os sítios históricos podem ser vilas, povoados, igrejas etc.. Normalmente eles apresentam cerâmica de origem inglesa”, disse.

O professor de arqueologia explica que a cultura desses índios possui outras características peculiares.

“Eles enterram seus mortos em urnas funerárias em cerâmica, moravam em aldeias compostas de varias ocas e passavam em torno de seis anos em cada local e migravam”, assegurou.

Quando concluída a análise dos dados, o material deve ser reenviado para os Estados de origem - caso eles demonstrem condições de guardar os achados históricos.

"O Iphan é quem determina a guarda legal deste material. Nós temos um laboratório móvel que se desloca para a área de maior necessidade e, quando estacionado, abre para receber visitas ao material.

Normalmente em todos os municípios trabalhados fazemos um trabalho de educação patrimonial em colégios, instituições etc.", explicou o arqueologista.


Obras na rodovia


Segundo o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), o trecho entre Natal (RN) e Palmares (PE) ainda está em obras e deve ser inaugurado ainda neste ano. “A exceção [é] do contorno de Recife [que já está duplicado].

Até dezembro, dos 335 km em obras, 83 km de pistas duplas já estavam liberadas ao tráfego. A previsão para conclusão de todo trecho é dezembro deste ano”, disse o órgão, em nota ao UOL Notícias.

Ainda segundo o órgão, as obras no trecho Alagoas-Bahia ainda aguardam a licença de instalação, que é fornecida pelo Ibama. “A previsão é de que a licença seja emitida até março”, afirmou.

O Dnit assegura que todos os cuidados estão sendo tomados para garantir a preservação do sítios históricos.

“Os estudos e ações não só preservam como também localizam e salvam os sítios. Isso ocorre em todas as obras de duplicação executadas pelo Governo Federal.

Na duplicação da BR-101 em Santa Catarina, por exemplo, o gerenciamento ambiental das obras garantiu a localização e salvamento dos sítios arqueológicos, citados por pesquisadores dos anos 60, cuja localização exata ninguém sabia”, informou o texto.


Saiba mais sobre o material encontrado entre Sergipe e o Rio Grande do Norte

122 sítios históricos;
26 sítios pré-históricos;
17 sítios históricos e pré-históricos;
9 ocorrências históricas;
1 ocorrência pré-histórica


Fonte: UOL


Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...