O Rio Grande do Sul registrou aumento no registro de casos de queimaduras por taturanas em janeiro e fevereiro deste ano. Até agora, foram registrados 63 casos com lagartas do gênero Lonomia.
Nos últimos cinco anos, são mais de 600 registros, principalmente no verão e no outono. A queimadura da taturana causa dor, queimação e alterações na coagulação do sangue.
Segundo técnicos do Centro de Informação Toxicológica (CT), da Fundação Estadual de Produção e Pesquisa em Saúde, os acidentes com lagartas do gênero Lonomia são graves e podem matar.
Estudos apontam que a maioria dos acidentes ocorre durante o dia. As mãos e membros superiores são as partes do corpo mais atingidas.
A maioria das vítimas é jovem e os acidentes ocorrem próximos às residências. Segundo os especialistas, vários fatores possibilitam a ocorrência desta lagarta, contribuindo para o aumento do número de acidentes nos últimos tempos.
Entre eles, estão o desmatamento, as condições climáticas favoráveis, possível extinção dos predadores, adaptação da lagarta a diversas plantas nativas e também a vegetais exóticos.
Até o final da década de 80, a taturana-assassina só era encontrada no Amapá, mas passou a ser vista com freqüência no Sul e no Sudeste do país.
De acordo com a Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, os acidentes são mais frequentes no Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. Juntos, os três estados somam cerca de 400 casos por ano.
O tratamento da queimadura deve ser feito com soro antilonômico, distribuído pelas Secretarias Estaduais de Saúde.
Para a disponibilização do soro, as lagartas encontradas são identificadas pelos órgãos estaduais e as colônias enviadas ao Instituto Butantan, em São Paulo, que produz o medicamento. É o único tratamento capaz de reverter a ação do veneno.
Chamada de taturana-assassina, a Lonomia produz um veneno que reduz, no organismo da vítima, a formação de fibrina, substância responsável pela coagulação do sangue. A diminuição da fibrina pode causar graves hemorragias.
- A pessoa sangra pelo nariz, pelas gengivas e por vários órgãos do corpo. Acredita-se que a gravidade desses efeitos está relacionada à quantidade de toxina liberada - afirma o especialista em insetos Roberto Henrique Pinto Moraes, do Instituto Butantan, em São Paulo.
A taturana mede apenas entre 5 e 7 centímetros; mas tem o corpo coberto de pêlos espinhosos, de onde sai o veneno que matou nove pessoas no Brasil entre 1989 e 1995, ano em que o Butantan desenvolveu o soro antilonômico.
O maior perigo, segundo os especialistas, acontece quando uma pessoa toca acidentalmente em várias lagartas ao mesmo tempo, ao subir numa árvore onde existe uma colônia delas, por exemplo.
Quando algúem recebe a queimadura, os especialistas afirmam que é preciso buscar socorro médico sem demora.
Eles recomendam a aplicação de compressa de água fria no local. É importante também, segundo os técnicos, que a taturana causadora do acidente seja levada para que o profissional de saúde possa identificá-la.
Fonte: O Globo Online
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