Sítio foi descoberto por causa de obra para conjunto habitacional. Local possuía mais de 200 vasos funerários, mas erosão levou a maioria.
Um cemitério indígena de mais de 700 anos, no norte de Manaus, no Amazonas, está praticamente destruído após ter sido desenterrado por máquinas durante a construção de um conjunto habitacional.
O sítio arqueológico se encontra no bairro Nova Cidade. Urnas funerárias de cerâmica apareceram durante trabalhos de terraplanagem em 2001, e a área foi interditada.
Na época, cerca de 200 vasos funerários foram mapeados, e 13 deles exumados, segundo informações do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Como a camada superior de terra foi removida do local, a erosão e o acesso de curiosos tratou de destruir a maioria das peças ainda enterradas.
“Entre 2001 e 2004, 140 recipientes foram perdidos pela erosão”, cita Francisco Pugliese, arqueólogo do Iphan.
Proprietária da área e responsável pela obra, a Superintendência Estadual de Habitação (Suhab) do Amazonas informa que o caso está parado na Justiça desde 2004.
Borda de urna funerária indica que o terreno já foi um cemitério indígena. (Foto: Dennis Barbosa/ Globo Amazônia)
A arqueóloga Helena Lima, que explorou o cemitério no contexto do Projeto Amazônia Central, um programa de estudo da região, só não dá o local como totalmente perdido porque ainda poderia servir para que os cientistas estudem os efeitos que a retirada da camada superior de terra pode causar a sítios como este.
“Temos que pensar em como compensar a população de Manaus, trazer informações sobre a história, a cultura”, lamenta. Existe a proposta de criar um centro comunitário no local.
A pesquisadora nota que o sítio é único porque se encontra em terra firme: “É muito relevante porque normalmente os grandes sítios se encontram em lugares adjacentes aos grandes cursos d’água”.
O sítio do bairro Nova Cidade não passou por datação absoluta com a técnica do carbono 14, mas sabe-se que ele existe há mais de 700 anos porque as cerâmicas ali encontradas são de estilo conhecido pelos historiadores como “Paredão”, que corresponde ao período entre os séculos 7 e 13. Ou seja, antes da chegada dos europeus ao Brasil, que se iniciou no século 16.
Abandonado, o cemitério causa preocupação aos moradores das cercanias, mas não por qualquer razão mística ou sobrenatural.
Segundo relatos de vizinhos, o local serve de esconderijo para ladrões que agem no bairro e para usuários de drogas. “Outro dia até morreu um homem aí”, comenta uma moradora.
Fonte: Globo.com
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