Ventos moldam as estruturas que aparecem no gelo, mostram dados de radar.
As descobertas, baseadas em imagens geradas pela sonda Mars Reconnaissance Orbiter (MRO), são descritas na edição desta semana da revista Nature, em dois artigos.
O grupo responsável pelo estudo de um cânion chamado Chasma Boreale inclui Shane Byrne, da Universidade do Arizona.
"A capa de gelo na região polar norte de Marte tem o tamanho e a espessura da capa de gelo da Groenlândia", disse Byrne, em nota.
Na Terra, as grandes coberturas de glaciais são moldadas principalmente pelo fluxo do gelo. Mas em Marte, outras forças definem a forma da calota polar.
Chasma Boreale é um cânion largo e profundo. Alguns cientistas haviam sugerido que ele poderia ter sido criado quando calor vulcânico do subsolo derreteu o fundo da capa de gelo, desencadeando uma enchente catastrófica. Outros apontaram fortes ventos como os responsáveis por escavar o cânion no gelo.
Outra característica enigmática do polo norte marciano são sulcos que espiralam para fora do centro da calota de gelo.
Diversas hipóteses já foram propostas para explicá-los. Uma elas sugere que, à medida que o planeta gira, o gelo mais perto do polo se desloca mais devagar que o mais distante, fazendo o gelo rachar.
Os novos dados, porém, mostram que tanto Chasma Boreale quanto as espirais foram criados primordialmente pelo vento.
Antes da pesquisa, acreditava-se que a calota polar fosse formada por camadas planas de gelo, mas as imagens de radar mostram uma estrutura complexa, incluindo camadas que mudam de espessura e orientação, e até desaparecem em alguns lugares, o que mostra uma intensa interação com o clima.
"No passado, acreditava-se que o cânion de Chasma Boreale tinha sido aberto pelo derretimento do gelo, com a água escavando o vale, os talvez com os ventos erodindo o gelo de cima para baixo", disse Byrne.
"Neste estudo, descobrimos que o cânion sempre esteve lá, e que a capa de gelo cresceu dos dois lados dele".
Já as espirais surgem quando ventos densos e frios descem do polo norte e são desviados em suas trajetórias pela rotação do planeta.
Fonte: Estadão
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