"Análises sedimentares e geoquímicas de 80 ninhadas e seus grandes ovos com cascas grossas indicam que os saurópodes de Sanagasta usavam especificamente a umidade e a termorradiação do solo para incubar seus ovos", explicou o cientista argentino Lucas Fiorelli.
Segundo Fiorelli, autor ao lado do americano Gerald Grellet-Tinner de uma pesquisa publicada na revista Nature Communications, "pela primeira é mostrado um 'gatilho ecológico' do comportamento" destes dinossauros.
Os saurópodes nidificavam "de forma semelhante ao que fazem algumas poucas espécies de aves, por exemplo, as megápodes - tipo de galinha maior, originária de uma ilha da Polinésia -, conhecidas por colocar os ovos em buracos aquecidos por atividade vulcânica", afirmou o cientista.
O sítio de Sanagasta, localizado a 1.200 km a noroeste de Buenos Aires e 1.200 metros acima do nível do mar, lança luz sobre questões relacionadas com os paleoambientes e a paleobiologia dos dinossauros, explicou em comunicado o Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas (Conicet).
Embora nas últimas décadas tenham sido descobertos muitos locais de nidificação colonial de saurópodes de pescoço longo como o Argentinossauro, nenhum estudo havia conseguido elucidar os fatores determinantes para a escolha destes sítios, explica o Conicet.
A descoberta do sítio de nidificação colonial em Sanagasta mostra a fidelidade ao local ao longo de um vasto período de tempo e uma estreita relação entre a ninhada e um ambiente hidrotermal peculiar que favorecia a incubação, diz a pesquisa, acrescentando que a análise da microestrutura da casca e dos sedimentos evidenciam a dependência biológica com o meio, de grande umidade do solo e calor hidrotermal.
"Isto certamente desempenhou um papel chave em sua progressiva diversificação e posterior extinção devido às rápidas mudanças ambientais do final do Cretáceo", avaliou Fiorelli.
O sítio foi descoberto em 2001 por um grupo encabeçado pelo argentino Mario Hunicken.
Fonte: IG
Nenhum comentário:
Postar um comentário