Acontecimentos históricos, como a Ordem dos Templários, se misturam às superstições.
“Quem tem superstição tem de se apegar com aquilo que o acalme. Mas a pessoa tem de acreditar“, afirma o professor, astrólogo, numerólogo e pesquisador da cultura popular Nathanael Souza.
Para entender melhor a construção da fama, ou maldição, da sexta-feira 13 de agosto, primeiro é necessário entender alguns significados de cada elemento separadamente.
Na história da civilização, o 13 é um número considerado incompleto. São doze os ciclos lunares durante um ano solar, que formam os 12 meses no ano, e a contagem da civilização suméria tinha como base 12 unidades, daí vem a porção padrão conhecida como dúzia.
Outras coincidências religiosas e místicas também estão presentes na composição da ‘carga negativa’ do 13 .
Esse era o número de pessoas que estavam presentes a Última Ceia, refeição que Jesus teria feito antes da crucificação. E para quem acredita em outras forças místicas, a décima terceira carta do Tarô é “A Morte”.
Ainda existem duas lendas da mitologia nórdica que reforçaram os mistérios quanto ao número 13 e espalharam a superstição pela Europa.
A primeira conta que em uma festa na morada dos deuses, foi dado um banquete para 12 divindades, mas Loki, espírito do mal e da discórdia, que não teria sido convidado, apareceu para criar um desentendimento entre os deuses.
Durante uma briga, o deus Balder, favorito entre as divindades, teria morrido. Daí vem a crença de que não se deve convidar 13 pessoas para um jantar ou uma festa.
Outra lenda escandinava diz que Friga, deusa do amor e da beleza, teria se transformado em uma bruxa após a conversão dos nórdicos ao cristianismo.
Como vingança, ela passou a se reunir todas as sextas-feiras com outras 11 bruxas e o demônio. Juntos, os 13 ficaram lançando feitiços sobre os novos cristãos do alto de uma montanha.
A sexta-feira também começa a se diferenciar como um dia negativo pela crença religiosa. Segundo a tradição cristã, Jesus foi cruxificado e morto em uma sexta-feira.
Além disso, muitos historiadores apontam para o fato de Cristo provavelmente ter morrido na sexta-feira 13, do mês de Nissan, visto pelo calendário hebraico.
“A sexta-feira também ficou conhecida por ser o dia das execuções oficiais. Na Inglaterra era esse o dia em que os prisioneiros eram enforcados”, acrescenta o professor Nathanael.
O mês de agosto ganhou a fama de mês do azar em sua criação, quando ganhou a superstição por ser o mês da inveja.
O nome é uma homenagem ao imperador romano César Augusto. E tem 31 dias porque o homenageado ficou com inveja do mês de julho ter 31 dias e exigiu que o seu mês também tivesse.
Mas de Portugal talvez tenha vindo para o Brasil a maior contribuição para a maldição do mês de agosto ser o mês do desgosto.
O mês era a época em que a maioria das embarcações do período das grandes navegações partiam, por conta das condições de tempo.
Assim, nenhuma mulher escolhia o mês para se casar, pois casar em agosto significava ficar sozinha, muitas vezes sem lua-de-mel, por meses ou por anos.
No Brasil, agosto ainda é conhecido como o mês do cachorro louco, quando a maioria das campanhas de vacinação contra a raiva animal acontece.
Segundo o Kennel Club, apesar da doença ocorrer durante todo o ano, é neste período que ocorre uma grande concentração de cadelas no cio em decorrência de condições climáticas. Por isso as campanhas de prevenção ocorrem nesta época.
História
Somados às superstições ainda existem acontecimentos históricos para marcar o dia. O mais importante, e novamente ligado a tradição cristã, envolve a Ordem dos Templários.
No dia 13 de outubro de 1307, uma sexta-feira, a Ordem dos Templários, grupo de sacerdotes e cavaleiros que protegiam cristãos em suas peregrinações por mais de dois séculos após a Primeira Cruzada, foi declarada ilegal pelo rei Filipe IV de França que estava profundamente endividado com a Ordem e pressionava o Papa Clemente V a tomar medidas contra eles.
Por ordem do rei, nesta sexta-feira 13, os templários da França foram convocados, encarcerados em masmorras e submetidos a torturas para se declararem culpados de heresia.
O ministro da Justiça, Luis Antônio Gama e Silva, e o locutor da Agência Nacional, Alberto Curi, durante anúncio do AI-5, numa sexta-feira 13
No Brasil, em uma outra sexta-feira, em 13 de dezembro de 1968, o governo militar decretou o AI-5, que, entre outras medidas, suspendeu direitos e garantias políticas e ampliava dos poderes aos militares durante a Ditadura.
Outro fato histórico que ocorreu em um 13 de agosto é o início da construção do Muro de Berlim, em 1961.
Agosto ainda é marcado como o mês das bombas de Hiroshima e Nagasaki, do massacre de protestantes da noite de São Bartolomeu, na França, e do início, por alguns historiadores, da 1ª e da 2ª Guerra Mundial.
Nos Estados Unidos, o número 13 também tem uma força histórica. O país alcançou a independência com suas 13 colônias, que são representadas até hoje pelas 13 listras da bandeira norte-americana.
Antes do filme Sexta-feira 13 conquistar as bilheterias de todo o mundo no início dos anos 80 e aumentar o temor mundial pela data, um acidente com a espaçonave Apolo 13, consagrou a superstição.
Dois dias depois do lançamento da missão à Lua, no dia 13 de abril de 1970, a expedição foi abortada e os astronautas trazidos de volta após uma explosão em um dos tanques de oxigênio.
Antes disso, muitos já defendiam que o nome da missão deveria ter passado direto do número 12 para o 14.
Principalmente nos Estados Unidos ainda é comum que prédios não tenham o 13º andar. Muitas empresas aéreas também pulam a poltrona 13 em aviões.
Nos esportes, a Fórmula 1 é a categoria mais afetada pela superstição: nenhum piloto usa o número 13 no carro há décadas.
Para Nathanael Souza, a fama da data é algo que não se pode explicar só com fatos e nem é possível contê-la. “A superstição está sempre ligada à fé. Ou se acredita ou não. Não adianta querer prová-la ou descaracterizá-las com fatos científicos."
Fonte: IG
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